Reino Unido: Noivo e noiva grávida detidos durante casamento por erro da polícia

As autoridades britânicas tiveram esta semana de indemnizar um casal, cujo dia de casamento, em 2012, foi arruinado por uma suspeita infundada de que se tratava de uma união de conveniência. A noiva estava grávida de seis meses quando foram detidos. Uma história contada pelo Daily Mail.

O britânico Neil McElwee e a chinesa Yanan Sun conheceram-se no Verão de 2010 quando a jovem esteve a estudar Inglês no Reino Unido. O casal conta que foi amor à primeira vista e rapidamente iniciaram uma relação. Yanan descobriu que estava grávida em Fevereiro de 2011 e ambos, felizes com a notícia, marcaram casamento para o Verão de 2012 para celebrar a união e o nascimento da primeira filha. Mas as autoridades inglesas estragaram o dia e, na semana passada, o casal recebeu 29 mil euros de indemnização do Estado britânico para compensar o equívoco.

“O dia de casamento é suposto ser o melhor dia da vida de qualquer mulher. Mas para mim transformou-se no pior”, recorda a jovem de 22 anos. “Não há dinheiro no mundo que pague o terem-me estragado o dia”. “Não há qualquer desculpa pela forma como fomos tratados”, reforça Neil, de 28 anos.

O casal, que agora tem duas filhas, uma menina de três anos e outra de um ano, não chegou a casar oficialmente no dia marcado. Tinham tudo preparado: 70 amigos e familiares esperavam no local, Yanan estava entusiasmada e vestida a rigor. “Gastei 1000 libras [mais de 1300 euros] num vestido de noiva e tive profissionais a pentearem-me e a maquilharem-me”, conta. Contrataram BMW e táxis para levarem os convidados da cerimónia para o copo-de-água, pagaram florista, contrataram um fotógrafo e um DJ. “Eu e o Neil gastámos horas a escolher o local, a decoração, pensámos em todos os detalhes, mandámos gravar alianças. Estávamos confiantes de que teríamos um dia perfeito”.

No entanto, quando o casal entrou no salão onde decorreria a cerimónia do registo civil, o conservador pediu-lhes que fossem até uma sala contígua. “Pensei que seria uma breve conversa sobre a cerimónia, tal como não poder atirar confetes em todo o lado. Fiquei chocado quando percebi que atrás da porta estavam quatro polícias à paisana”, recorda Neil. “Fiquei completamente atordoado quando disseram que estávamos a ser detidos sob suspeita de casamento por conveniência. Protestei, disse que tínhamos os documentos todos em ordem – o conservador até era um dos convidados – mas ninguém esteve interessado em ouvir”.

Yanan Sun, grávida de seis meses na altura da detenção, recorda com tristeza: “Quando o agente disse que eu o teria de o acompanhar à esquadra e que teria de despir o vestido desfiz-me em lágrimas. Nem a minha enorme barriga de grávida os convencia de que estávamos genuinamente apaixonados. Não queria acreditar que alguém podia ser tão cruel”.

O casal foi levado para a esquadra e mantido em celas separadas. Com Yanan vestida com roupas dadas pela polícia e as horas a passar perceberam que o seu dia de casamento tinha acabado. "A sensação de desamparo, saber que a minha noiva estava grávida e sentada sozinha numa cela, foi horrível. Foi pura tortura”, recorda Neil. Só mais tarde souberam que a própria polícia descobriu passados 40 minutos da detenção que se tratava de um erro. Mas os documentos de libertação assinados pelo procurador só sairiam horas mais tarde.

Os noivos, apesar de devastados, ainda foram ao local do copo-de-água e tiraram algumas fotografias. “Voltei a vestir o vestido para as fotos. Mas nem consegui colocar a aliança. Apesar de estar a sorrir nas imagens, por dentro estava de rastos”.

Só na manhã seguinte receberam um telefonema do procurador a pedir desculpa e a perguntar como os poderia compensar. O casal pediu para se casar e acabou por dar o nó oficialmente já em roupas descontraídas e com um dia de atraso.