Compras do BCE podem proteger alguns países do contágio da Grécia

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, disse hoje que as compras massivas de dívidas soberanas que a entidade começou a fazer na segunda-feira “podem estar a proteger alguns países do contágio” da Grécia.

Numa intervenção numa conferência do Centro para Estudos Financeiros da Universidade Göethe, Draghi reconheceu que a operação tem riscos, mas que por agora estão contidos.

"O impacto do programa e das anteriores medidas de política monetária do BCE são visíveis: as taxas de juro dos empréstimos bancários às empresas começaram a descer no terceiro trimestre do ano passado", afirmou Draghi.

Além disso, "as expectativas de inflação reagiram positivamente à expansão do balanço do BCE nos últimos meses", adiantou o presidente do BCE.

"As rentabilidades da dívida soberana a longo prazo caíram apesar do reaparecimento da crise na Grécia", afirmou Draghi.

"Isto sugere que o programa de compra de activos pode estar a proteger outros países da zona euro de um contágio, o que também ajuda o BCE a conseguir os seus próprios objectivos de política monetária na zona euro", disse Draghi.

Draghi adiantou que o Índice Harmonizado de Preços no Consumo (IHPC) continuará muito baixo ou mesmo negativo nos próximos meses.

Mesmo assim, o presidente do BCE observou que a política monetária desta entidade apoia a recuperação económica da zona euro.

O BCE e os bancos centrais nacionais da zona euro compraram na segunda-feira 3.200 milhões de euros em títulos do sector público da zona euro.

A entidade monetária da zona euro quer comprar dívida pública e privada no valor de 60.000 milhões de euros por mês até pelo menos Setembro de 2016.

Até agora o BCE tem comprado dívida privada num valor mensal de 13.000 milhões de euros.

Se continuar a este ritmo, o volume do programa de compras do sector público será de cerca de 47.000 milhões de euros, segundo previsões do BCE.

Do total de compras de activos do sector público, 88% serão de dívidas soberanas e de institutos públicos e 12% de dívidas da União Europeia.

Lusa/SOL