BES: Polícia de intervenção reforça segurança em manifestação

Dezenas de polícias de intervenção reforçaram a segurança no protesto dos clientes que subscreveram papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES), a decorrer em frente ao Centro de Congressos de Lisboa, alargando o cordão policial à volta dos manifestantes. 

BES: Polícia de intervenção reforça segurança em manifestação

Pelas 13:00, várias carrinhas da Equipa de Intervenção Rápida da PSP reforçaram o dispositivo de segurança afecto à manifestação, uma chegada que foi assinalada com aplausos pelos manifestantes, concentrados desde as 11:30 para exigir o dinheiro investido em papel comercial adquirido no Banco Espírito Santo (BES).

"Os gatunos estão do lado de lá [no Centro de Congressos de Lisboa] e a polícia está a fazer o cerco a quem foi roubado", afirmou à Lusa Carlos Peixoto, um dos lesados do BES, referindo-se à participação do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, num seminário sobre regulação e supervisão financeira que estaria a decorrer na Antiga FIL. 

Carlos Peixoto, de 67 anos, explicou que nunca comprou "uma acção ou produto de risco em toda a sua vida", referindo que tirou dinheiro da conta à ordem para subscrever papel comercial do GES, porque o seu gestor de conta garantiu que não havia qualquer risco. 

Já Francisco Matos contou à Lusa que "perdeu tudo", sendo incapaz de "entender como é que ninguém é responsável por esta barbaridade".

"Estou disponível para explicar ao governador onde arranjei o dinheiro com o qual comprei este produto [financeiro]", disse o cidadão lesado, visivelmente emocionado, lembrando que tem filhos e netos a quem queria deixar o pouco que poupou toda a vida. 

Ricardo Ângelo, um dos mais jovens no protesto que se diz lesado pelo GES, avançou que 70% dos prejudicados são pessoas com mais de 65 anos e com pouca literacia financeira. 

"Todas contam a mesma história de terem comprado um produto que lhes foi vendido pelos gestores sem comportar qualquer risco. Não aceitamos perdas de capital, só aceitamos negociação. Não podemos ser vítimas de um produto que funciona mal", disse. 

Segurando cartazes com frases como "E agora, como explico ao meu filho que deve poupar?", "A Presidência da República defende os gatunos do sistema financeiro, quem defende os portugueses?" e "Carlos Costa, amigo de Salgado", os lesados do GES gritaram durante a manhã palavras de ordem a exigir o dinheiro investido. 

Lusa/SOL