Morrer é uma arte que precisa de aprendizagem

A quarta idade ou a arte de morrer com qualidade está no centro do debate da quinta edição do Encontro Internacional Saúde com Arte (EISA), que junta especialistas em Leiria, na quinta e na sexta-feira.

"Estamos mais preparados para tratar dos mais novos. Não estamos preparados para tratar dos mais velhos. Este ano, acentuamos a importância da arte de morrer, um tema sempre forte", sublinha Paulo Lameiro, do Núcleo Saúde com Arte da Sociedade Artística e Musical dos Pousos (SAMP), que organiza o EISA.

 

A discussão em torno da "quarta idade" é central no encontro, porque "quando se olha para os mais velhos, pensa-se essencialmente em paliativos ou em 'morrer feliz'".

 

"A arte de morrer com qualidade é por isso essencial", nota Paulo Lameiro, lembrando que "os chamados eruditos ocidentais, têm-se vindo a afastar dos vínculos com a terceira e quarta geração".

 

Por "razões laborais, económicas, políticas e teológicas, há este grande hiato", que a SAMP tenta abordar, em alguns programas que desenvolve, lançando este ano a discussão sobre "aquilo que, enquanto seres humanos, se pode fazer até ao final da vida".

 

Para tal, foram convidados diversos especialistas, como Andrea Creech, do Institute of Education, da Universiddade de Londres, Trish Vella-Burrows, do Sidney De Haan Research Centre for Arts & Health, ou Patxi del Campo, do Instituto Música Arte y Proceso, de Espanha, entre outros.

 

Em 2015, o EISA serve também para revelar, no segundo dia, dados de dois programas particulares que decorrem em Leiria: o Laboratório de Musicoterapia e Ópera na Prisão.

 

"Alguns resultados vão ser apresentados neste encontro, mas são ainda resultados preliminares. O Laboratório de Musicoterapia está a fazer os primeiros seis meses experimentais, mas a meio já há resultados para apresentar. E o Ópera na Prisão também tem algumas surpresas para a comunidade em geral e para os profissionais que trabalham na área do cruzamento das artes na comunidade e por quem se interessa pela musicoterapia", promete Paulo Lameiro.

 

Ao todo, são cerca de 60 os participantes no EISA, sobretudo musicoterapeutas, mas também médicos, enfermeiros, técnicos e animadores ligados aos cuidados paliativos.

 

"Tem havido um interesse crescente e participação por esta abordagem – entendida pelos clínicos como não farmacológica – como resposta aos problemas e como trabalho em paralelo", nota o especialista em musicoterapia.

 

O EISA é composto por paletas e oficinas e reparte-se pelas instalações da SAMP e do Centro Hospitalar de Leiria. No primeiro dia, destaque para a performance "Paliativos e Aperitivos Musicais", que decorre à noite na zona de Consultas Externas do Centro Hospitalar de Leiria, juntando clínicos e equipas das artes.

Lusa/SOL