Taxas de juro negativas

Mas o que é uma taxa de juro negativa? Bem, é a situação em que um credor empresta dinheiro, e em vez de receber juros, tem de pagar por ter emprestado o dinheiro.

É uma situação completamente anormal, mas que se tornou realidade nos nossos dias. Os bancos que emprestam dinheiro ao Banco Central Europeu, em vez de receberem juros, têm de pagar uma comissão.

A raiz deste problema é o tempo de inflação negativa que estamos a viver na zona euro. Com a inflação negativa, as taxas de juro, como as Euribor, desceram para valores perto de zero. São taxas que podemos classificar como simbólicas. Das taxas das quais dependem quase todos os créditos à habitação, a Euribor a 3 meses cifrou-se na última sexta-feira em 0,021%, e a Euribor a 6 meses em 0,088%.

E aqui o problema desenvolve-se. Penso que muito poucas pessoas manteriam os seus depósitos nos bancos com taxas de juro negativas. Tal seria equivalente a pagar uma comissão por ter o dinheiro no banco, pelo que seria mais vantajoso terminar o depósito a prazo e guardar o dinheiro em casa. No limite, levantamentos em massa levariam os bancos à falência.

O problema também é complicado no outro lado da equação, isto é, nos empréstimos que os bancos concedem, como os da habitação, que estão em mais de 90% dependentes das taxas Euribor. Os bancos não querem ter de suportar taxas de juro negativas, ou seja, para além de emprestarem dinheiro terem de remunerar o devedor a quem emprestaram.

Este assunto vai ser debatido no parlamento na próxima quinta-feira. Não tenho certezas nem fontes privilegiadas, mas apostaria que os bancos não venham a suportar taxas de juro negativas. O lóbi bancário é muito poderoso.