Uma viagem ao mundo dos ricos

Conta-se que um dia o milionário John D. Rockefeller entrou no hotel Waldorf Astoria, em Nova Iorque, e pediu um quarto com casa de banho. O empregado que estava na recepção ficou muito surpreendido. “Mas senhor Rockefeller, o seu filho costuma ficar na suite presidencial”, informou antes de entregar a chave. Ao que o magnata…

O caso é popularmente apresentado como um exemplo de virtuosa parcimónia (ou forretice…) por parte do “primeiro bilionário do mundo”, como o define o jornalista John Kampfner no livro Os Ricos – Dos Escravos aos Iates de Luxo: Uma História com 2000 Anos. Mas nem sempre os ricos eram tão discretos.

Da geração anterior à de John D. Rockefeller, o Comodoro Cornelius Vanderbilt ficou conhecido por organizar festas sumptuosas em sua casa. “O seu baile de máscaras de 26 de Março de 1883 foi um dos mais famosos. […] Muitos dos convidados escolheram obras de arte como modelos. A senhora Vanderbilt vestiu-se de princesa veneziana. Outros usaram vestuário de época inspirado nos aristocratas europeus”, conta Kampfner.

Vanderbilt, Rockefeller e outros, como Andrew Carnegie, Andrew W. Mellon, Henry Clay Frick e J. P. Morgan, formaram o grupo de multimilionários que ficaram conhecidos como os 'barões gatunos'. Os vestígios da sua riqueza ainda são bem visíveis: a Frick Collection, a Grand Central Station (construído pelo clã Vanderbilt), a Pierpont Morgan Library, o Rockefeller Center, todos em Nova Iorque, ou a National Gallery, em Washington, oferecida à nação por Andrew W. Mellon, continuam a exibir a opulência dos seus patrocinadores.

A palavra rico, explica-nos Kampfner, “deriva da mesma raiz indo-europeia que produziu a palavra celta rix, a latina rex e a sânscrita rajah, que significa 'rei'“. O fascínio do autor por este mundo remonta, como recorda no prólogo, a um jantar em casa do oligarca russo Vladimir Gusinsky em 1992, em que lhe foi servida uma lagosta “de um tamanho descomunal” e vinho Chablis Premier Cru. Na altura Kampfner era correspondente do Daily Telegraph em Moscovo, depois de ter exercido as mesmas funções em Berlim Oriental. Hoje dirige a Federação de Indústrias Criativas do Reino Unido, é realizador de documentários da BBC e colaborador de jornais como o Times ou o Guardian.