Não tardaram os comentários na rede social a elogiar a decisão da estrutura regional do partido – aprovada por unanimidade na Mesa Nacional – de recusar juntar os trapos à coligação liderada pelo PS. Catarina Martins congratulou-se pelo resultado e reconheceu que o BE falhou um objectivo: o de inviabilizar a maioria absoluta do PSD. Ainda assim, e já a pensar no futuro próximo, apontou baterias para fora, nomeadamente para o PS, que, como maior partido da oposição, também não travou a hegemonia laranja.
Ao SOL, José Gusmão é categórico: «Parece-me claro que o PS mostrou que não é alternativa à governação», afirmou, em linha com a resolução política aprovada na última Mesa Nacional (antes das eleições), onde se lê que «a situação política é marcada pelo final do 'estado de graça' de que António Costa beneficiou no início do seu mandado como secretário-geral do PS».
Sobre o resultado do BE nas legislativas deste ano, o ex-deputado – cujo regresso ao Parlamento é visto como provável por dirigentes – recusa antecipações, mas deixa a premonição: «Parece-me evidente que este resultado dá bons sinais em relação ao futuro». Além disso, acrescenta, «não deixa de ser curioso que o ciclo de maus resultados que começou na Madeira, quando perdemos representação parlamentar, seja interrompido lá».
Aliança com o PCP?'Veja-se o resultado do PS'
Mas os resultados na Madeira servem para fazer contas de outro rosário: a soma dos votos do BE e do PCP impediria a maioria absoluta do PSD. PCP e BE devem, por isso, ir coligados às legislativas? «Não se pode fazer este tipo de cálculos. Veja-se o resultado da coligação Mudança, liderada pelo PS. A soma dos votos obtidos foi inferior ao que cada um dos partidos teve sozinho em 2011», afasta Gusmão, numa altura em que Manuel Loff, ex-independente nas listas da CDU, e Fernando Rosas apresentaram um manifesto através do qual apelam ao entendimento entre PCP e BE contra o PS e PSD/CDS.
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