Carris perde dois milhões de passageiros em 2015

A Carris terá fechado 2014 com um EBITDA (resultado operacional) de 5,3 milhões de euros. “Compara com 26 milhões em 2013. Mas devemos esclarecer que em 2013 as indemnizações compensatórias foram 19 milhões e em 2014 foram cinco milhões”, adianta o presidente da Transportes de Lisboa, Rui Loureiro, em entrevista ao SOL.

Apesar de positivos, os resultados são ainda frágeis. “A confirmar-se que temos de repor remunerações em 2016, começo a ficar preocupado. Assumindo que isso não se verifica, apontamos para resultados positivos em 2015. Se tivermos de repor, não temos dinheiro”, continua o responsável pela entidade que congrega os operadores públicos da capital.

No ano passado, a empresa perdeu dois milhões de passageiros, situação que Rui Loureiro acredita dever-se à crise e ao desemprego, embora não haja estudos que o comprovem. E o Estado tem injectado capital para equilibrar as contas, agravadas pela dívida.

A subconcessão das operações da Carris a privados tem o mesmo prazo do Metro, no que diz respeito a propostas. “Estamos convencidos de que no fim do Verão iniciaremos a passagem para os subconcessionários. E depois vamos ter de nos debruçar sobre a Transtejo”, continua o presidente, que espera ter a estrutura da Transportes de Lisboa a funcionar em pleno a 1 de Maio.

Quando Carris, Metro e Transtejo/Soflusa forem efectivamente unificadas na Transportes de Lisboa, haverá ajustes nos quadros. “A gestão comum liberta postos de trabalho, principalmente ao nível dos corporativos. Ainda não posso quantificar. Mas não vai haver despedimentos colectivos. Vamos negociar. E existe muita gente disposta a isso”. Entre 2010 e 2014, 998 colaboradores saíram das três empresas.

Transtejo/Soflusa vai vender barcos

A subconcessão Transtejo/Soflusa será “a mais difícil porque a operação é altamente deficitária”, considera o presidente da Transportes de Lisboa, que vê como “difícil” entregar a empresa a privados este ano – a intenção do Governo é lançar o concurso ainda nesta legislatura. “Há que pô-la minimamente rentável para depois avançar”, justifica.

Para já, a estratégia passará por vender barcos. “Temos 32 barcos e operamos com 15. Apontamos para a venda de dez barcos, reduzindo alguns milhões em manutenção”. Encaixe? “Não muito grande, à volta dos 5 milhões. Existem sempre interessados em comprar barcos, sobretudo agora que existem muitas companhias a querer fazer turismo no rio”, avança.

ana.serafim@sol.pt