Miró: o imediato e o longo prazo

As duas empresas portuguesas e públicas que detêm actualmente 85 obras do pintor catalão Miró vieram hoje divulgar um comunicado para recordar que todas as decisões judiciais, que têm de enfrentar  pois há muita gente contra a intenção dessas empresas de vender as obras na leiloeira Christie’s, em Londres, lhes têm sido favoráveis.

Sou contra a venda das obras de Miró, que penso revelar uma visão de curto prazo. Se não, vejamos.

Hipótese 1: vender os quadros, por hipótese, por 40 milhões de euros. Com as taxas de juro a 10 anos a 2%, e partindo do princípio que o dinheiro da venda iria na totalidade para amortizar dívida pública, a poupança anual em juros seria de 800.000 euros.

Hipótese 2: conservar os quadros, e expô-los num lugar condigno. As receitas daí resultantes ultrapassariam facilmente os 800.000 euros anuais.

O turismo é um dos sectores de actividade que mais cresce no mundo (quase toda a gente gosta de viajar), e o turismo cultural é um sector importante dessa actividade. Portugal não tem nada equivalente a esta colecção Miró. Vendê-la será pensar no imediato, conservá-la e expô-la será pensar a longo prazo, e será sempre mais lucrativo.