Tribunal nega que PJ tenha «manipulado» investigação

O colectivo que julgou o processo Casa Pia rejeitou a hipótese de «manipulação» da investigação por parte da Polícia Judiciária (PJ), uma das principais linhas de argumentação usadas pelas defesas dos arguidos

No acórdão, entregue hoje aos advogados e a que a Agência Lusa
teve acesso, o tribunal recorda os depoimentos feitos por vários
investigadores para afirmar que «não encontrou indícios, factos,
que sustentem uma preparação, condução ou qualquer forma de conjugação
por parte da Polícia Judiciária dos depoimentos que vieram a ser
prestados em audiência de julgamento pelos jovens identificados como
vítimas»
.

Na sua deliberação, os juízes dizem ter procurado «indícios
ou factos da possibilidade de a PJ ter criado ou ter ajudado a criar e
ter feito crescer esta ‘história’»
de abusos sexuais, através
da «manipulação de pessoas, factos ou testemunhos».

Para contrariar esta tese, o colectivo invoca a «amplitude»
dos interrogatórios conduzidos pelos investigadores, das inquirições em
tribunal às testemunhas e aos jovens que acusavam os arguidos.

Em relação aos inspetores da PJ ouvidos em tribunal, o colectivo
rejeita que tivessem agido com intenção de «adulterar»
alguma matéria nas investigações ou que a sua actuação tenha sido «viciada
ou subjectiva»
nos procedimentos de investigação.

«Os depoimentos aparentaram ser desinteressados, objectivos,
com ausência de ‘manha’ ou conivência entre inspectores em relação a
procedimentos ou actos de investigação que foram postos em causa
[pelas
defesas]. O tribunal não encontrou sinais de que a actuação da
PJ tivesse manipulado ou procurado resultado»
.

 

Sol /Lusa