tinha de ser. e foi.
firme, claro e directo – como, aliás, em toda a entrevista –, o primeiro-ministro não hesitou em responder que não fará campanha ao lado de jardim, não pestanejou na censura ao governo regional e respectivo líder por porem em causa a reputação e a credibilidade do país e confessou o seu desconforto enquanto líder do psdcom a omissão e a dimensão dos buracos da dívida da madeira.
mais: garantiu que o seu governo não dispensará o apuramento de responsabilidades e avisou os madeirenses de que a solidariedade do continente já ultrapassou todos os limites.
em 25 anos, nunca um primeiro-ministro, social-democrata ou socialista, foi tão duro com o líder regional madeirense.
passos coelho perdeu irremediavelmente o apoio de jardim e seus seguidores na madeira.
mas garantiu crédito e não hipotecou a confiança do eleitorado e dos contribuintes da república.
quem exige rigor, sacrifícios e espírito patriótico não pode ceder às cumplicidades ou solidariedades partidárias ou ser complacente com a irresponsabilidade despesista e megalómana de quem quer que seja.
passos, pondo jardim no seu devido lugar, revelou muito mais sentido de estado do que com o pin com a bandeira portuguesa que ostenta na lapela.
se passos coelho não devolvesse com um gancho certeiro o murro no estômago que jardim lhe deu, o mais certo era passar ele próprio a servir de saco de boxe para todos os que já esgotaram a paciência para os desvarios do presidente do governo regional da madeira.
que são esmagadoramente mais do que o eleitorado que jardim, mesmo assim, ainda consegue manter.
alberto joão jardim arrumou de vez.
bem pode clamar contra o sr. coelho, dizer que pouco importa que ele diga que não faz campanha, que não precisa dele ou que não o convidou… jardim até pode, uma vez mais, repetir a maioria absoluta que faz dele rei e senhor do arquipélago há décadas… mas os seus dias à frente da madeira estão irremediavelmente contados.
em primeiro lugar, porque passos não lhe perdoará o apuramento de responsabilidades, como disse e repetiu na rtp.
em segundo lugar, porque jardim sempre governou a madeira à custa dos contribuintes do continente – sim, dos ‘cubanos’ – e da complacência do governo de lisboa. e isso, agora, acabou.
passos coelho foi peremptório no aviso aos madeirenses de que, desta vez, terão de ser mesmo eles a pagar o despesismo dos seus representantes e não os já sacrificados contribuintes continentais.
é forçoso reconhecer que alberto joão jardim fez uma obra notável na madeira.
o arquipélago desenvolveu-se como não há paralelo no continente nem nos açores.
é um facto.
mas fê-lo à custa dos contribuintes da república e de uma dívida que também não tem similar.
pior, agora não restam dúvidas, independentemente de tudo o que jardim disse ou venha a dizer, com ou sem lapsus linguae, com a omissão deliberada dos custos reais do despesismo surrealista do governo da madeira.
se os madeirenses, na sua esmagadora maioria, sempre se acharam em dívida para com alberto joão jardim e julgaram que a podiam pagar depositando apenas o seu voto, ficaram bem desenganados.
jardim anda há mais de uma década a prometer sair para dar o lugar a outro.
desta vez, mesmo que ganhe ainda com maioria absoluta, dificilmente se aguentará.
porque a madeira já não é um jardim.