Clientes mais exigentes querem produtos inovadores e seguros

Numa encomenda vinham painéis fotovoltaicos feitos de cartão. Noutra, de cinco mil painéis de 240V, as etiquetas diziam 220V. A resposta do fornecedor não podia ser mais equívoca: «O problema não foi uma troca de painéis, mas das etiquetas. Amanhã segue uma caixa de etiquetas de 240V». Estes casos podem parecer fruto da invenção de…

o mundo está num ponto de viragem. os consumidores estão mais exigentes do que nunca e as empresas têm que fazer face a esta exigência com inovação, preço e qualidade. o preço é algo objectivo, sendo fácil de comparar entre os produtos alternativos que existem no mercado. mas, por outro lado, como se compara qualidade? para ter qualidade é necessário que um produto ou serviço sejam mais eficientes que os concorrentes, satisfazendo melhor e de forma mais eficiente as necessidades e desejos dos utilizadores.

esta maior exigência dos consumidores é acompanhada por uma necessidade de repensar a a forma de fazer negócio. segundo o último relatório do world business council for sustainable development (wbcsd), dentro de 40 anos serão necessários 2,3 planetas para satisfazer as necessidades e vontades da crescente população mundial.

«o projecto visão 2050 expõe os desafios, o caminho e as opções que as empresas podem utilizar para criar uma estratégia oportuna, tanto regional como globalmente, que conduza a um mundo sustentável», afirma no documento mohammad a. zaldi, da alcoa.

para criar um mundo em que, «em 2050, nove mil milhões de pessoas vivem bem, dentro dos limites de um planeta», o wbcsd defende que é necessário alterar profundamente a forma como se trabalha. assim, um dos pontos fundamentais deste documento é exactamente a necessidade de garantir produtos mais inovadores, seguros e eficientes.

certificar é preciso

na maior parte dos casos, a solução passa por recorrer a uma entidade externa que teste, certifique e inspeccione os produtos e a sua instalação. por outro lado, para as empresas «que querem, ou são obrigadas, a proteger o ambiente e as pessoas, bem como a combinar isso com desenvolvimento tecnológico» os testes laboratoriais aos seus produtos são uma boa ferramenta.

esta é a convicção de thomas biedermann, director executivo da tüv rheinland para a europa ocidental. «nos últimos 150 anos, houve muito desenvolvimento tecnológico e há sempre riscos, questões de segurança, e esta foi a razão por que a tüv foi fundada, pelo governo federal alemão, em 1872». na altura, muitas caldeiras a vapor começaram a ter problemas, chegando a explodir, ferindo quem estivesse perto. estes acontecimentos obrigaram à criação de uma entidade, na altura pública, que inspeccionasse e certificasse os produtos.

normalmente, os painéis fotovoltaicos têm um ‘prazo de validade’ de cerca de 20 anos. e como se testa se duram mesmo esse prazo, sem ter que esperar 20 anos para os poder comercializar, isto se o primeiro teste der positivo? em caso de ‘chumbo’ nos testes, isso significaria outros 20 anos. contudo, nos laboratórios da tüv rheinland é possível acelerar o processo de degradação dos painéis.

25 anos em 30 dias

depois de passar por diversas câmaras que simulam o desgaste provocado pelo vento, chuva, sol, granizo, neve e até a queda de um martelo, os painéis viveram 20 a 25 anos em apenas 30 dias. este processo é possível graças à aceleração dos fenómenos a que o painel estaria sujeito caso estivesse colocado no exterior.

por outro lado, para além da durabilidade dos equipamentos, este laboratório, que o sol visitou, testa também a capacidade de produção de energia. um dos testes procura o ponto em que a produção estabiliza. ou seja, quando colocamos um painel, a capacidade de produção começa logo a diminuir, até que chega a um ponto em que esta descida pára, fixando-se no que realmente é capaz de produzir, em condições ‘normais’.

a média de ‘chumbos’ nos testes da tüv é de 30% dos painéis. um número que mostra a dureza dos testes e que dá alguma garantia aos investidores de que os restantes 70% poderão ser uma boa aposta. por outro lado, os relatórios dos testes permitem às produtoras aperfeiçoar os seus produtos, quer os que foram ‘chumbados’, para os tornar seguros e rentáveis, quer para os ‘sobreviventes’ se tornarem ainda melhores.

mundo melhor

os painéis solares são apenas um produto (que está na moda), mas este sistema serve de exemplo para a forma como as empresas devem trabalhar, e como se devem relacionar com os seus clientes. para garantir a sustentabilidade do mundo é necessário que os produtos sejam eficientes, o que significa satisfazer as necessidades e vontades dos consumidores com o menor custo e a maior duração possível, bem como utilizar os materiais com o menor impacto ambiental e social.

a este nível, para além de acreditar na palavra das empresas, é possível e desejável que se possa acreditar no ‘carimbo’ dos produtos. desta forma, os consumidores saem mais satisfeitos, as empresas que se souberem adaptar ganham dinheiro, e é mais fácil garantir que o planeta será suficiente para suprir as necessidades da população.

espiral@sol.pt