Conselho expulsa juíza

A juíza Isabel Pinto de Magalhães, condenada no âmbito do caso da Universidade Independente (UnI) por crime de branqueamento de capitais, foi aposentada compulsivamente por decisão do Conselho Superior da Magistratura (CSM).

“Na sequência da condenação imposta pelos tribunais, o CSM aplicou (à magistrada) a pena de aposentação compulsiva, por deliberação de 20 de Janeiro deste ano”, disse ao SOL fonte oficial daquele órgão de gestão e disciplina dos juízes. Ainda segundo a mesma fonte, a decisão  já transitou, pois “não foi impugnada”. A aposentação compulsiva é uma das penas mais graves previstas no estatuto dos magistrados judiciais (pior só a demissão), implicando a cessão imediata de funções e a perda de direitos e regalias conferidos pela lei, excepto a pensão.

A magistrada – ex-mulher de Rui Verde, antigo vice-reitor da UnI e um dos principais arguidos no caso – estava suspensa desde que o Ministério Público deduziu acusação no caso, em Dezembro de 2010. Por ser magistrada, foi julgada  à parte, num tribunal superior, a Relação de Lisboa, que em Abril de 2013 a condenou a cinco anos de prisão (pena suspensa), por crime de branqueamento de capitais. Os juízes deram como provado que soube das ilegalidades cometidas pelo marido e pactuou com a compra de património com dinheiro da UnI, tendo adquirido  um jipe de 69 mil euros. 

Processo principal arrasta-se há quatro anos

A juíza recorreu então para o Supremo Tribunal de Justiça, mas este confirmou a condenação em Junho do ano passado, embora reduzindo a pena para três anos de prisão (suspensa) – o que veio agora a reflectir-se no processo disciplinar.

Em  julgamento continua o processo principal da UnI, que já se arrasta há quatro anos. Os arguidos são agora 20 – três já morreram, entre os quais Luiz Arouca, o antigo reitor, falecido em Novembro passado –  acusados de dezenas de crimes de associação criminosa, burla e corrupção, entre outros, que levaram à falência da Independente.

O processo começou a ser julgado em Maio de 2011 e um ano depois, quando estava já na recta final, uma das juízas do colectivo morreu, vítima de cancro. A lei obriga a que o julgamento volte ao início, o que chegou a estar marcado para Junho de 2013. Nessa altura, Rui Verde requereu o afastamento da juíza-presidente, Ana Peres, por já ter liderado o anterior julgamento. A questão só ficou resolvida em Março de 2014, após a Relação ter indeferido todos os recursos. A repetição do julgamento só se iniciou em Outubro seguinte, após o CSM conseguir destacar mais juízes para a Comarca de Lisboa, de forma a que o colectivo da UnI ficasse em exclusivo com este caso, considerado de especial complexidade.

paula.azevedo@sol.pt