EI aproxima-se de Damasco… e Paris

Uma semana após a perda de Tikrit, no Iraque, o autoproclamado Estado Islâmico (EI) voltou a mostrar a sua capacidade destruidora em duas frentes da batalha.

EI aproxima-se de Damasco… e Paris

Na Síria, os combatentes sunitas aproximaram-se da capital Damasco e assumiram o controlo de Yarmouk, um campo de refugiados palestinianos onde geraram uma “situação para lá de desumana”, segundo a ONU. Dias depois, a emissão global da estação francesa TV5, assim como as suas contas nas principais redes sociais, foi alvo de um ataque informático reivindicado por um “cibercalifado” que deixou a conta de facebook da emissora com uma imagem que anunciava “Je suis ISIS”.

O grupo aproveitou as plataformas do canal para deixar uma mensagem aos soldados franceses que foram mobilizados para combater o EI: “Soldados de França, fiquem longe do EI! Têm oportunidade de salvar as vossas famílias, aproveitem”, dizia uma mensagem, acompanhada com dados pessoais de familiares dos militares inseridos na força internacional que combate os sunitas.

Em Yarmouk, o caos instalou-se com a entrada dos combatentes do EI num bastião da oposição ao regime, que já há dois anos estava cercado pelo exército. “Era um local onde as mulheres morriam durante os partos devido à falta de medicamentos e crianças morriam malnutridas”, disse o porta-voz da ONU para os refugiados palestinianos, Chris Gunness, ao apelar a “uma pausa nos combates” entre o EI e os restantes grupos armados, “que permita a entrada de ajuda humanitária” aos mais de 18 mil civis que vivem no local.

A aproximação do EI à capital pode marcar uma viragem no conflito, pois apenas aconteceu devido a uma inesperada aliança entre duas das mais letais forças de oposição a Assad: os palestinianos garantem que os rebeldes do EI entraram em Yarmouk devido à cumplicidade da Frente al-Nusra, grupo filiado na al-Qaeda.

nuno.e.lima@sol.pt