Mad Men: o fim

A história de Mad Men está prestes a terminar. No domingo de Páscoa, o primeiro do último pacote de sete episódios foi transmitido nos EUA e o último de todos irá para o ar a 17 de Maio. É a sétima e a última temporada de uma série de culto estreada em 2007, num canal…

A associação de argumentistas norte-americanos deu-lhe a sétima posição entre as 101 séries mais bem escritas da história da televisão (no primeiro lugar está  Os Sopranos) E muitos críticos colocam-na entre as 10 melhores séries de sempre. O The Hollywood Reporter (THR) – uma das mais importantes publicações sobre televisão e cinema – dedicou-lhe um número especial, com a última sessão fotográfica dos seus protagonistas.

E, diz-se, Mad Men é um fenómeno na cultura pop, tendo relançado o interesse pelos anos 60, embora apresente uma visão crítica sobre o papel das mulheres e da moral distorcida no ambiente de tubarões da publicidade. 

Com cenários e um guarda-roupa obsessivamente realistas e glamorosos, o renovado gosto pela estética dos anos 60 chegou ao ponto, diz-se, de ter alimentado vendas de mobiliário e roupa inspirados nos décors. O estilo requintado de Betty (interpretada por January Jones) tornou-se dominante. 

Na Amazon, além da série propriamente dita, há várias livros sobre aspectos psicológicos e sociológicos da série, bem como conjuntos de copos de whiskey em cristal semelhantes aos que Don Draper (Jon Hamm) tem sempre nas mãos. Também existem no mercado jogos de vídeo e aplicações para smartphones inspirados na série.

A história de como Mad Men chegou à AMC é rocambolesca. Matthew Weiner, o autor e produtor, começou em 1999 a estudar as roupas, os sítios e os costumes dos anos 60, nas horas livres. Nessa altura, fazia parte da equipa de argumentistas de Becker, com Ted Danson, na CBS. Em 2001, apresentou à então produtora e canal por cabo HBO a sua visão de um escritório de publicitários na Madison Avenue, a Sterling Cooper, e do seu ambicioso e charmoso copywriter. 

Dos Sopranos à AMC

O produtor da HBO, David Chase, não comprou a ideia, mas contratou Weiner para a equipa de argumentistas da sua série sobre a pequena mafia de New Jersey, Os Sopranos (que seria premiada com 21 Emmys e cinco Golden Globes,). Levaria mais três anos para alguém mostrar o argumento ao canal AMC, que andava à procura de uma história de qualidade para sair do anonimato. Toda a gente desaconselhava Weiner a trocar a já grande HBO por um canal "sem estatuto, sem dinheiro e que nunca tinha feito uma série", recorda Weiner ao THR. Num intervalo entre temporadas de Os Sopranos, Weiner produziu o episódio-piloto com a equipa da própria HBO e com um financiamento que ele montou de três milhões de dólares. E o elenco foi pensado, diz Weiner, com o princípio que regeu a série de David Chase: "O casting era maravilhoso porque ninguém os conhecia de lado nenhum". James Gandolfini, o inesquecível Tony Soprano, é um bom exemplo disso.

E com Jon Hamm, recrutado para o papel do errático e angustiado Don Draper, aconteceu o mesmo: um actor desconhecido que deu forma a uma personagem memorável. January Jones e Christina Hendricks (que, diz-se, fez disparar o gosto por mulheres com curvas e por implantes) também se tornaram estrelas. "É triste, sim" diz Jon Hamm, "mas as coisas boas não duram para sempre".

Em Portugal, a série foi transmitida na FOX e na RTP. Teresa Paixão (directora de Programas da RTP2) disse ao SOL que a série será transmitida no segundo canal, mas ainda não há uma  data.

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