Uma princesa em busca da felicidade

Ao criar a Princesa Azul, Filipa Sáragga pensou nas crianças sozinhas, mal tratadas, doentes, não só com problemas físicos, mas que vivem qualquer tipo de sofrimento. “Nas crianças que, tal como todos nós fizemos na nossa infância, sonham com princesas e príncipes encantados, mas que por alguma limitação ou problema pensam que esse sonho não…

Por isso a personagem principal do livro lançado ontem em Cascais é diferente das outras. “E por ser azul, sofre com essa diferença. É vítima de maus tratos e refugia-se num jardim escondido. É aí que conhece a sua melhor amiga: a Libelinha Aurora”, relata a jovem escritora que também é artista plástica e responsável pelas ilustrações da obra. É através desta amiga, e depois de enfrentar os seus medos e dificuldades, que a princesa vai descobrir onde está a verdadeira felicidade: “dentro de nós”.

Esta é uma história de amor que pretende ajudar pais e educadores a ensinar as crianças a lidar com a diferença. “Num mundo marcado pelos valores da beleza, dos likes nas redes sociais e das coisas superficiais, esta história vem lembrar que o verdadeiro tesouro está dentro de nós e ao alcance de todos”.

Para a autora, uma apaixonada pelas causas sociais, este livro é dirigido a “todos os que travam batalhas duras, a todos nós, crianças ou adultos. Pois, no fundo, todos nós somos ‘azuis’, ou já fomos, ou conhecemos alguém que o seja”. Este livro pretende ser um instrumento contra a discriminação, a nível pedagógico, mas também prático, pois 50% dos direitos de autor revertem para a Associação Pais 21, de apoio a familiares de crianças com trissomia 21.

Prefácio de Guterres e música de José Cid

A princesa Clara podia ser também um dos 50 milhões de refugiados que foram forçados a abandonar as suas casas para fugir à guerra. Por isso, a fábula da Princesa Azul tocou especialmente o coração de António Guterres, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, que assina o prefácio da obra. “Quando olho para os 50 milhões de pessoas que no mundo de hoje tiveram de fugir das suas casas e das suas comunidades por causa da guerra e da violência, gostaria muito que os responsáveis pudessem ter lido a Princesa Azul e a Felicidade Escondida e aprendido a lição. O mundo seria bem melhor”, escreve Guterres. Outro prefácio é assinado pelo neuropediatra Nuno Lobo Antunes.

A apresentação da obra decorreu ontem na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, pela mão de Marcelo Rebelo de Sousa. Para acompanhar a divulgação do livro, José Cid, Tozé Brito, Pedro Vaz e Salvador Seixas criaram também uma música, que em breve começará a tocar nas rádios.

Autora é uma apaixonada pelas causas sociais

Esta é a terceira obra da escritora e artista plástica. Aos 30 anos, Filipa Sáragga tem já uma vasta experiência na área do voluntariado e das causas sociais e todas as suas obras reforçam esta componente. É visitadora de doentes, crianças ou adultos, alguns em fase terminal, e colabora também com organizações de apoio a deficientes. “Sinto que devo usar a arte e criatividade a favor da humanidade”, confessa.

O seu primeiro livro “O toiro e a bailarina”, foi lançado em 2011, e reverteu para a Associação Jerónimo Usera. Em 2013, a pintora lançou “Talvez um anjo”, um livro que relata a história verídica de uma menina que morreu de cancro e que, diz Filipa, “veio ao mundo para nos ensinar a paz”.