O princípio do fim da austeridade

O Governo aponta 2019 como o ano em que os portugueses verão o fim da sobretaxa do IRS. E 2018 como o ano em que os funcionários públicos receberão os seus salários, a taxa do IRC ficará nos 17% e acabará a contribuição sobre o sector energético. Para já, fica adiada a descida da TSU…

O princípio do fim da austeridade

O Programa de Estabilidade (PE) aprovado esta quinta-feira em Conselho de Ministros é o início do fim dos cortes sofridos pelos portugueses.

Para já, os contribuintes vão ver a sobretaxa do IRS descer já em 2016 em 0,875% dos 3,5% que actualmente pagam.

É um primeiro sinal que consta do Programa de Estabilidade (PE) e que vai mais além do crédito fiscal que estava já previsto no Orçamento do Estado para 2015.

“A taxa vai mesmo baixar”, anunciou a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, esclarecendo que caso a execução orçamental o permita será ainda posto em prática o crédito fiscal, tal como estava já previsto.

A ideia do Governo é acabar de “forma gradual” com a sobretaxa, até 2019, a um ritmo de menos de 1% ao ano: algo que custará uma perda de receita de 190 milhões de euros por ano.

O plano que será entregue em Bruxelas até ao final do mês de Abril prevê o começo da retirada das medidas extraordinárias e aponta para o cumprimento do objectivo para o défice estrutural de 0,5 pontos percentuais em 2016.

Segundo o documento aprovado pelo Governo, a devolução dos salários aos funcionários públicos continuará a um ritmo de 20% ao ano, até 2018 – uma medida que custará 150 milhões de euros por ano ao Estado.

Maria Luís Albuquerque não esconde o optimismo com os números quando diz que o cenário que se apresenta agora é “muito mais favorável para os próximos quatro anos” do que aquele que se apresentou ao país nos últimos anos.

Para a ministra das Finanças, este é o resultado do “esforço dos últimos anos” e é isso que “vai permitir sair do procedimento de défice excessivo”, alcançando um défice de 3% já em 2015.

É, aliás, o cumprimento dessa meta para o défice que vai permitir ao Governo beneficiar das cláusulas de flexibilidade do Pacto de Estabilidade previstas no Plano Juncker para baixar a TSU.

Não será, porém, para já que a taxa sobre o trabalho vai baixar. O Governo mantém a descida dos impostos sobre o trabalho como uma prioridade, mas a TSU só poderá descer quando o Executivo tiver uma reforma “detalhada e com os seus efeitos quantificados” para apresentar a Bruxelas por forma a beneficiar das novas possibilidades de flexibilidade.

margarida.davim@sol.pt