António Costa: Programa de Estabilidade limita-se a manter cortes

O secretário-geral do PS defendeu hoje a necessidade da recuperação dos rendimentos das famílias, considerando que o Programa de Estabilidade nada mais propõe do que a manutenção dos cortes de salários e pensões.

António Costa: Programa de Estabilidade limita-se a manter cortes

"Para o reforço da confiança das famílias, é essencial a recuperação de rendimentos, quer no cumprimento integral das decisões do Tribunal Constitucional relativas a pensionistas e funcionários, quer no combate à pobreza, quer na progressão sustentada do salário mínimo e do desbloqueamento da contratação colectiva", afirmou o líder socialista, António Costa, na conferência "os caminhos de crescimento", promovido pelo Jornal de Negócios.

Considerando que o Programa de Estabilidade apresentado pelo Governo na quinta-feira se limita a propor a manutenção dos cortes de salários e da sobretaxa de IRS até ao final da próxima legislatura e a renovação com carácter definitivo de novos cortes nas pensões, António Costa justificou a 'resistência' do PS em apresentar compromissos com o facto de só na próxima terça-feira o partido ir apresentar o estudo macroeconómico para a próxima legislatura.

Depois da intervenção inicial, o secretário-geral socialista foi questionado pela directora do Jornal da Negócios sobre algumas matérias, falando na necessidade de "garantir estabilidade das políticas".

"Desejamos ter uma maioria que assegure estabilidade", disse António Costa, admitindo, contudo, que uma maioria não é suficiente para que haja estabilidade e não prescinde do diálogo com outras forças políticas e sociais.

"A estabilidade não resulta só da estabilidade governativa, temos quatro anos de Governo e ao fim destes quatro anos de Governo, a estabilidade da presença de ministros na sua função não contribuiu propriamente nem para a qualidade das políticas, nem para o seu resultado", sustentou.

O líder socialista voltou ainda a recusar qualquer coligação com o PSD, considerando mesmo que "seria suicidário para a democracia portuguesa se não fosse possível no espaço democrático afirmarem-se alternativas".

"Não viabilizaremos de forma alguma nem com coligação, nem com acordos parlamentares nem de qualquer outra forma a persecução destas políticas", assegurou.

Questionado se será possível respeitar o tratado orçamental sem cortes nos salários e pensões, António Costa não respondeu, voltando a remeter para depois da apresentação do trabalho que foi encomendado pelos socialistas sobre o cenário macroeconómico.

António Costa recordou apenas que os últimos três primeiros-ministros "estrearam-se" todos com aumentos de impostos e defendeu que "não pode haver um quatro primeiro-ministro" a fazer isso.

Lusa/SOL