a bbc news destaca as cinco coisas que mais mudaram desde a democratização câmara digital:
‘instinto paparazzi’
o comportamento das pessoas mudou e passou a haver um paparazzi em cada um de nós.
se há algum tempo seria uma excentricidade fotografar um prato de comida para mostrar a um amigo, isso tornou-se banal e inunda os murais do facebook. todos se querem vangloriar do sushi que provaram ao almoço ou daquele restaurante acolhedor onde jantaram na noite passada.
em concertos e eventos desportivos o ‘instinto paparazzi’ fica ainda mais forte porque é aumentado pela necessidade de querer mostrar: ‘eu estive lá’. os eventos são fotografados, filmados e depois ‘postados’, seja no facebook, no youtube ou noutra rede social. o mais importante deixou de ser ‘ter estado lá’ e passou a ser o mostrar ‘eu estive lá’.
tiramos mais fotografias
se, antigamente, tirar fotografias ou utilizar uma câmara estava reservado a adultos e profissionais, agora fazê-lo é barato e está ao alcance de todos. cada vez mais coisas são fotografadas e o mais importante é partilhá-las.
somos melhores fotógrafos
vale a pena recordar a história de um fotógrafo que, em 1939, se deslocou a berlim para fotografar as manifestações nazis. de acordo com jonathan margolis do financial times, esse fotógrafo tinha seis semanas e oito fotografias, para contar a sua ‘história’. estudou os ângulos durante uma semana e saiu da capital alemã com quatro fotografias vencedoras dentro da sua câmara fotográfica.
era uma vez um fotógrafo que tinha de pensar em tudo: a velocidade do obturador, a abertura do mesmo, a composição e o foco. ele tirava fotografias perfeitas e os amadores não conseguiam igualá-lo. o tempo passou, vieram as máquinas digitais e, hoje em dia, qualquer adolescente com um iphone com a aplicação ‘hipstamatic’ consegue ultrapassá-lo.
por outro lado, a possibilidade de tirar mais fotos – sem os custos da revelação – e a possibilidade de vê-las em tempo real proporciona que os aspirantes a fotógrafos consigam aperfeiçoar a sua técnica mais rapidamente.
jornalismo do cidadão
o vídeo histórico da morte de kadhafi, a febre que a todos assistiu depois do visionamento do ‘hélder, o imaginário’ ou o contágio de que fomos alvo com os ‘charters da china’ não teriam sido possíveis se steven sasson não tivesse, em 1975, inventado a câmara digital.
a invenção desse engenheiro electrotécnico norte-americano fez de qualquer pessoa um potencial ‘jornalista’.
a primavera árabe e a queda de ditadores como hosni mubarak e muammar kadhafi foram possíveis não pela força da palavra, nem pela força das armas, mas sim porque os egípcios e os líbios tinham na mão um telemóvel munido com uma câmara digital ligado a uma rede social.
temos mais memória
as 24 fotografias 3º aniversário da ritinha, transformaram-se em 150, se tiverem sido tiradas pelo tio, porque se forem tiradas pela mãe o mais provável é o número aumentar exponencialmente. a máquina digital permite armazenar uma quantidade cada vez maior de memória visual e as redes sociais organizam-na
todos somos, cada vez mais, arquivistas da nossa própria história.