Novo Banco: prejuízos com a venda poderão ser enormes

Segundo o Diário de Notícias online, o candidato que ofereceu uma oferta mais alta pela compra do Novo Banco será uma empresa chinesa (não se sabe qual), que terá oferecido 4.000 milhões de euros. A confirmar-se, esta proposta é substancialmente mais baixa do que os 4.900 milhões de euros que os outros bancos e o…

Quem vai pagar a diferença entre o empréstimo feito ao Novo Banco e o valor da sua venda? Logicamente, seremos nós. Os bancos, que são quem teve de assegurar a esmagadora maioria do dinheiro do empréstimo, vão ressarcir-se praticando condições comerciais mais desfavoráveis aos clientes.

A falência do BES foi fruto de muito poucas pessoas, mas vai ser paga pela população portuguesa no seu conjunto. E os prejuízos podem não se limitar a 900 milhões de euros. Há o caso das pessoas e empresas que compraram papel comercial aos balcões do BES e que agora querem ser reembolsadas dos seus investimentos, o que é justo, mas que custará mais 500 milhões de euros, que neste momento não se sabe se serão pagos, nem por quem. E, pelos vistos, existem mais casos com credores de papel comercial do grupo BES em outros países europeus. Esses, felizmente, não seremos nós a pagar, mas é elucidativo sobre a agressividade comercial que imperava naquele banco.

A melhor proposta de compra do Novo Banco é então de 4.000 milhões de euros. Entre os cinco candidatos restantes só resta um banco, o espanhol Santander, cuja proposta, segundo as mesmas fontes, em pouco ultrapassa os 2.000 milhões de euros. E o presidente do BPI, Fernando Ulrich, comentando o facto de que o banco que dirige ter sido afastado do concurso por fazer uma proposta muito baixa, declarou que os chineses estão neste momento dispostos a pagar o triplo da valorização que os bancos portugueses têm em bolsa. Para se pagar o triplo do valor corrente, é preciso querer muito ficar com o objecto da venda.

E mesmo com os chineses a pagarem o triplo do valor usual, vamos todos ter prejuízos com esta história. Escrevi e repito: um núcleo muito restrito de pessoas causou danos consideráveis na economia portuguesa. Decididamente, depois deste episódio, os mecanismos de controle e as exigências do Banco de Portugal aos bancos que supervisiona (já não são todos, agora são só os mais pequenos) têm de ser reforçadas.