Em declarações aos jornalistas, no Estoril, Passos Coelho começou por saudar a iniciativa do PS: "É importante os partidos, ainda para mais em ano eleitoral, terem a transparência de dizerem ao que vêm, definirem com clareza a sua estratégia para futuro. Isso deve ser saudado. E como primeiro-ministro, mais até do que como dirigente partidário, não posso deixar de saudar essa preocupação do PS".
Contudo, considerou que "era importante que, na forma utilizada para apresentar estas medidas, o PS pudesse também adoptar um formato que fosse auditável, sindicável", para "que se possa fazer contas", manifestando dúvidas sobre se "essa estratégia permite ou não cumprir as metas do défice e do desendividamento".
O primeiro-ministro, que falava à margem do 7.º Congresso da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), no Centro de Congressos do Estoril, disse não ser "capaz de dizer nesta altura" se a estratégia do PS "permite ou não cumprir as metas do défice e do desendividamento tal como estão prescritas em termos europeus", mas manifestou "sérias dúvidas de que isso seja possível".
"De acordo com os dados que temos, e que jogámos em interacção de informação com a Comissão Europeia, não nos parece que estes dados nos permitam baixar o nosso défice estrutural – de resto, há uma total omissão quanto a essa matéria naquilo que foi ontem [terça-feira] apresentado pelo PS", apontou.
De acordo com Passos Coelho, não se percebe "o que se vai passar com o défice estrutural nas contas socialistas" e as mesmas deixam incertezas também quanto a evolução da dívida: "As contas não nos permitem ser concludentes sabendo se respeitaremos ou não o desendividamento a que estamos obrigados".
Segundo Passos Coelho, o PS devia expor o seu plano macroeconómico "da mesma maneira, por exemplo, que o Governo apresentou o Programa de Estabilidade, o submeteu à discussão no parlamento, obteve da parte do Conselho de Finanças Públicas já um parecer, fornecendo todos os quadros e toda a informação pertinente e relevante para que se possa fazer contas" e verificar se cumpre ou não as regras.
"Tudo isso obedece a requisitos próprios que não estão ainda reunidos na forma como o PS apresentou as suas medidas. Portanto, para podermos fazer bem contas é preciso que na forma de apresentar essas medidas se recorra a um formato em que toda a gente possa confirmar, fazer as contas, perceber o que é que significam aquelas opções", insistiu.
Passos Coelho reiterou, no entanto, que considera "importante que o PS tenha feito este esforço e apresentado as suas ideias".
Lusa/SOL