Podes casar-te, mas não podes beber

Se a lei for aprovada, Rodrigo e Beatriz poderão casar-se, mas no seu copo-de-água só poderão beber sumos e água. Afinal, os seus 16 anos permitem-lhes viver em comunhão, mas não lhes dão a hipótese de consumir uma cerveja ou um copo de vinho. Num país que, apesar de tudo, ainda é de brandos costumes,…

Percebe-se que o alcoolismo é um problema crescente e que há crianças que têm acesso a bebidas quando não o deviam ter. Mas se não conseguem controlar os menores de 16 anos, decidem aumentar a idade da proibição? Fará algum sentido?

Mas vamos imaginar que a lei é mesmo aprovada. Como controlarão, por exemplo, o Bairro Alto e o Cais do Sodré, em Lisboa, se alguém comprar uma cerveja numa das tascas abertas e decidir passar esse copo para um menor de 18 anos, sem que alguém veja? Quem será autuado? O menor ou todos os que estiverem à sua volta? E os bares das redondezas também cairão na alçada policial? O mesmo se passará nas discotecas, já que a maioria é para maiores de 16 anos. Estará o Governo a pensar em aumentar também a idade a partir da qual é permitido entrar? Seria mais lógico…

Além destes lugares, muito irá mudar na indústria de animação nocturna. Sabendo-se que muitos espaços vivem dos jovens que têm entre 16 e 20 e poucos anos, será natural que muitas dessas casas acabem por abrir falência. Será natural que aqueles que não conseguem beber fora de casa, passem a organizar festas no 'quintal', onde poderão beber tudo o que lhes apetecer, bastando para tal que algum do grupo, com mais de 18 anos, vá ao supermercado abastecer a 'festa'… 

Também nas férias, serão cada vez mais os filhos que pressionarão os pais para irem em busca de outras latitudes onde possam ter alguma animação nocturna. Afinal, na Páscoa, são já largos milhares que partem à conquista de Espanha, país onde não são chateados… 

vitor.rainho@sol.pt