Reclusos de Castelo Branco continuam em risco de vida

O estado de saúde dos reclusos do estabelecimento prisional de Castelo Branco, que foram hospitalizados no domingo, mantém-se estacionário e ainda com risco de vida, disse hoje o presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS).

"Os oito doentes [reclusos] estão todos na unidade de cuidados intensivos polivalentes [UCIP]. É uma situação grave. Os doentes mantém-se em estado estacionário, em relação ao dia de ontem, considerado grave, ainda com risco de vida", informou o presidente do Conselho de Administração da ULS de Castelo Branco, Vieira Pires.

Este responsável, falava aos jornalistas durante uma conferência de imprensa realizada no Hospital Amato Lusitano (HAL), para fazer o ponto de situação sobre o estado clínico dos reclusos.

Vieira Pires adiantou que os oito reclusos estão ventilados e um deles "já fez aspiração de vómito".

"Foi tentado retirar o ventilador a um deles, não conseguiu respirar só por si e acabámos por ter de introduzir novamente o ventilador", disse.

O presidente da ULS reafirmou que estas situações são resultado, "provavelmente, de uma mistura de substâncias inaladas ou ingeridas – em princípio, inaladas -", mas adiantou que não é possível, "neste momento, dizer, de modo nenhum, qual foi a substância".

"Foi feita colheita para análise. Temos estado em contacto com o Instituto de Medicina Legal. Há pouco recebemos uma chamada de que só provavelmente amanhã ao fim da tarde, teremos essa informação", afirmou.

Segundo este responsável, neste momento, a única suspeita que têm é de se tratar de uma mistura de substâncias, e os médicos estão a trabalhar no sentido de obterem a identificação dessa mistura. 

O responsável afirmou ainda que nenhum dos doentes está, actualmente, em condições de ser transferido.

"É cedo, ao fim de 24 ou de 48 horas, podermos reportar a situação clínica dos doentes", concluiu Vieira Pires.

O director clínico do HAL, Rui Filipe, disse que vai ser dada hoje aos familiares "informação pormenorizada de cada doente".

"As próximas horas são dedicadas a isso, ou seja, às complicações que cada doente foi tendo do insulto primário que teve. Isso agora é diferente de doente para doente", explicou.

Rui Filipe adiantou que se está a falar de oito doentes, que "são realidades completamente diferentes".

"Há doentes que amanhã vamos ter mais certezas, há doentes que podemos ter mais incertezas. A evolução agora é que vai dizer", concluiu.

Os oito reclusos são todos do sexo masculino, têm idades entre os 24 e os 53 anos e estão todos a ser acompanhados pelos cuidados intensivos.

A Direcção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) informou no domingo que a causa da hospitalização dos oito reclusos será averiguada para apuramento do tipo e modo de entrada da substância ilícita que os afectou.

"A ocorrência será objecto de averiguação por parte desta direcção-geral e será comunicada ao Ministério Público, para apuramento do tipo e modo de entrada no estabelecimento, da substância ilícita que afectou o estado de saúde dos reclusos que a consumiram", referiu a DGRSP, em comunicado enviado à agência Lusa.

Segundo o documento, ao princípio da tarde de domingo, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foi chamado ao Estabelecimento Prisional de Castelo Branco e transportou oito reclusos, "que apresentavam sinais de doença súbita, resultante do consumo de uma substância ilícita, presumivelmente 'ketamina'".

Já durante a manhã de hoje, o presidente da ULS de Castelo Branco, Vieira Pires, confirmou à agência Lusa que os oito reclusos continuavam em estado "muito grave".

"Os oito [reclusos] continuam em estado muito grave e com um prognóstico muito reservado", disse.

Lusa/SOL