Ordem dos Médicos questiona “lei da rolha” no Instituto de Medicina Legal

A Ordem dos Médicos manifestou-se hoje contra a alegada “lei da rolha” no Instituto Nacional de Medicina Legal, ao proibir a participação de alguns responsáveis – e que já se demitiram – nos congressos sobre medicina legal e dano corporal a decorrer no Porto.

Miguel Guimarães, presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, afirmou esta manhã ao SOL “tratar-se de uma situação constrangedora”. “Não sei se alguma vez aconteceu em Portugal”, acrescentou. Para este dirigente da Ordem dos Médicos, “esta decisão coloca em causa a qualidade do ensino da medicina e da própria de prática quotidiana da medicina legal em Portugal”.

“Já questionei o presidente do Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses acerca desta situação, desde logo porque não fundamentou a decisão de proibir a participação num congresso científico o qual, aliás, não está associado qualquer laboratório e onde as pessoas não vão para a praia”, disse ainda Miguel Guimarães.

“Se os congressos decorressem num dia da semana, de trabalho, fazia todo o sentido pedir autorização, mas hoje é feriado e amanhã é sábado, pelo que todas as pessoas até abdicaram dos seus dias de descanso e vieram, a suas próprias expensas, aprender ou ensinar”, salientou o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos.

Miguel Guimarães salientou que “no entanto, as autorizações foram pedidas, apesar da sua razão ser muito questionável, não se tratando de dias de trabalho, tendo sido todas recusadas”.

“Continuamos à espera de uma explicação por parte do presidente do Instituto de Medicina Legal, que nem sequer fundamentou esta sua decisão de proibir a participação neste evento internacional que reúne alguns dos melhores especialistas espanhóis e portugueses, em que todos os médicos de medicina legal deveriam participar ”, disse ainda ao SOL Miguel Guimarães.

“Pedi uma explicação com carácter de urgência, até porque se nós deixássemos passar em branco esta situação, seria abrir um precedente que prejudicaria não só os médicos em geral, para iniciativas futuras, mas principalmente os utilizadores dos serviços de saúde”, concluiu.