Sete anos a lutar contra a morte

Foram sete anos de luta desde que recebi a notícia. Recordo-me que estávamos em Março e uma consulta no cardiologista deixou-nos inquietos. Uma segunda consulta com os respectivos exames, noutro especialista, confirmou os meus piores receios. O cancro tinha-se instalado no pulmão da minha mãe e havia que avançar rapidamente para a operação, não sem…

Curiosamente esse exame acabou por ‘acertar’ menos do que o TAC tradicional… Mas não me queria desgastar com ‘problemas’ burocráticos, até porque queria manter tudo em segredo. Pensava que se a minha mãe soubesse, antes da operação, acabaria por se ir muito abaixo. Depois de algumas peripécias, conseguimos marcar a operação para o hospital Santa Marta, onde tivemos a sorte de apanhar um excelente cirurgião, à semelhança do cardiologista que a acompanhou até ao fim.

Depois da operação começou a ser difícil ‘esconder’ a razão da mesma. Até que um dia, no meio das sessões de fisioterapia, e antes de começarmos a quimioterapia, a minha mãe ‘sacou’ de um recorte de uma revista onde estavam escritos os benefícios da homeopatia para quem tinha sido operado a um cancro. Procurei informar-me, até que cheguei à fala com a homeopata recomendada. Recebeu-nos na véspera de Natal e durante estes quase sete anos fez autênticos milagres. Mas nunca prescindimos das consultas com o cardiologista, o cirurgião, a reumatologista, e um médico que aliava as duas medicinas e que conseguiu fechar uma ferida, num dos pés, que persistia em manter-se aberta há mais de 20 anos. 

Pelo meio fomos parar algumas vezes às urgências do hospital, onde tive a sorte de encontrar um anjo amigo, a minha estimada Ana, que a conseguiu manter viva quando esteve às portas da morte com uma embolia pulmonar. Andei em hospitais públicos e privados, recorremos à homeopatia, e fui ao fim do mundo para encontrar os produtos desejados. Além dos médicos, encontrei enfermeiras e auxiliares que contribuíram para o prolongar do sonho de a ver viva e com qualidade de vida. Na última vez que a levei para o hospital, depois de ter escrito aqui uma crónica sobre a sua penúltima passagem pelas urgências do S. José, não mais a pudemos levar para casa. A todos os profissionais de saúde, com mais ou menos dificuldades, com quem nos cruzámos nesta cruzada, deixo aqui a minha eterna gratidão.

vitor.rainho@sol.pt