Passos desconhecia biografia

É uma “biografia consentida”, a que Sofia Aureliano escreveu sobre Pedro Passos Coelho. Mas o primeiro-ministro não a reviu antes de ser impressa e nem sequer teve acesso ao plano do livro ou à data da sua edição. A garantia é dada pela autora em declarações ao SOL.

"Passos não leu o livro antes de ser publicado e nunca pediu para o fazer", assegura Sofia Aureliano que diz ter sido sua a ideia de escrever sobre a vida do líder do PSD.

"Sempre fui leitora de biografias e quando conheci Passos Coelho fiquei impressionada com ele e com vontade de escrever sobre ele", conta Sofia Aureliano, que diz só ter conhecido Passos depois de em Julho de 2011 ter sido convidada para assessorar o grupo parlamentar do PSD.

Em Setembro do ano passado, a assessora foi ter com Passos Coelho para lhe falar sobre a ideia de escrever a sua biografia. "Não o faria sem o seu consentimento".

Passos "não deu logo o consentimento". Mas acabou por aceitar. Só depois Sofia foi ter com Zita Seabra – que conhecia dos tempos em que fez a comunicação da Bertrand – para lhe propor o livro.

Ao longo de meses, Passos Coelho deu várias entrevistas a Sofia Aureliano e respondeu "a mais de 200 perguntas".

Depois do lançamento do livro e da polémica gerada em torno de uma demissão anunciada por sms, a autora assegura não ter ainda falado com Passos sobre o que escreveu.

"Admito que tenha ficado irritado. Mas ainda não falámos".

Elogios Sofia também não espera: "Não é do feitio dele dar palmadinhas nas costas".

Uma coisa é certa, Sofia não se sentiu desmentida por Paulo Portas. "Não houve um desmentido", diz, explicando que o sms foi "o anúncio da intenção da demissão " que foi depois formalizada por carta, "como está escrito no livro".

Sofia Aureliano afirma mesmo que não ter falado com Portas não foi um "lapso", como o líder do CDS ontem disse em comunicado", mas uma opção. "A ideia era da a versão de Passos", justifica, frisando que "os factos não foram desmentidos".

Apesar de trabalhar na Assembleia da República, assegura que não ouviu pelos corredores os comentários de descontentamento dos centristas – que foram relatados pela comunicação social e são notórios no Parlamento.

E diz ter sido surpreendida pela polémica. "É o capítulo mais pequeno do livro", frisa, explicando que só o usou por ser o episódio "que mais revela a personalidade" de Passos.

"A forma como ele reorganizou todo o Governo em três dias diz muito sobre como ele é", comenta admitindo que a parte que mais lhe interessou explorar foi a vida privada do primeiro-ministro.

"Talvez Passos gostasse de ter menos o lado mais pessoal no livro", reconhece, justificando a opção com o seu interesse na dimensão humana dos biografados.

margarida.davim@sol.pt