Aljazeera processada por próprio jornalista

Um dos três jornalistas da Aljazeera que foi detido no Egipto em 2013, sob a acusação de auxílio à Irmandade Muçulmana, anunciou que irá processar o seu empregador por “negligência”.

Aljazeera processada por próprio jornalista

 

Mohamed Fahmy, cidadão canadiano de origem egípcia, pede uma indemnização de 100 milhões de dólares à estação sediada no Qatar devido aos mais de 400 dias que passou numa prisão no Cairo.

O antigo chefe da delegação egípcia da versão inglesa da Aljazeera diz que outros responsáveis da estação auxiliaram, sem o seu conhecimento, o grupo político que foi ilegalizado pelo Governo militar que lidera o país, o que terá levado à sua detenção em Dezembro de 2013, a par dos colegas Baher Mohamed e Peter Greste.

Os três chegaram a ser condenados a penas entre os sete e os 10 anos de prisão, mas depois dos recursos em que sempre negaram responsabilidades sobre os factos, Greste foi libertado no início de 2015. Ainda em Janeiro o tribunal reconheceu erros processuais no julgamento, levando a que Baher e Fahmy pudessem também sair em liberdade, sob caução, enquanto aguardam novo julgamento.

“Vou processá-los a qualquer custo. E vou ganhar”, garante Fahmy. “Eles não percebem que não podem continuar a desafiar a legitimidade dos Governos, colocar as notícias à frente da segurança dos seus empregados e assumir que não irão ter problemas com isso”, disse o jornalista, citado pela AP.

Para os responsáveis da Aljazeera é o novo julgamento que justifica o anúncio de Fahmy: “É o que os seus captores querem ouvir num momento em que se prepara um novo julgamento. Todos os Governos têm meios de comunicação de que não gostam mas nem todos usam argumentos falsos para deter jornalistas. Se Fahmy quer uma indemnização monetária devia pedi-la aos seus captores”, reagiu um porta-voz da estação ao considerar “triste” que o seu jornalista use os argumentos do regime que o deteve.