Casais desavindos (Carrilho-Bárbara) fujam dos tribunais

Acho que nunca disfarcei a minha visão crítica da Justiça portuguesa. Se já noutros países, e até no Evangelho, se diz que o melhor é evitar cair nas mãos da Justiça, imagine-se o que é cair nas mãos da Justiça portuguesa.

Vem isto a propósito das notícias do diferendo entre Manuel Maria Carrilho e Bárbara Guimarães. Primeiro, o Tribunal de Instrução Criminal quis levar Bárbara a julgamento, pela maneira como tratou o marido antes da separação, impedindo-o de entrar em casa e de ver os filhos. Depois veio a Relação de Lisboa decidir que não haveria julgamento, pois no seu entender não seria assim grave impedir um pai de ver os filhos e entrar em casa. Uns dizem que isto é bom, e um sintoma da Justiça a funcionar. Eu acho que é mau, e um sintoma da Justiça a não funcionar. Deve-se objectivar minimamente se é aceitável ou não um dos cônjuges impedir o outro de ver os filhos e entrar em casa. Não me parece admissível uma família sujeitar-se ao entendimento de uns juízes instáveis e sem valores claros nesta matéria.

Gostaria portanto de aconselhar Carrilho e Bárbara, que foram capazes de gostar um do outro tanto tempo, a chegarem eles a um entendimento civilizado, sem deixarem que sejam, os juízes a decidirem por eles. Porque um dia há um que gosta da decisão e o outro não, mas no dia seguinte é ao contrário.

Como seria bom ver os divorciados de todo o mundo unirem-se contra a Justiça, usando da melhor maneira a sua experiência familiar. É impossível acharem que estes juízes, sobretudo os nossos, decidirão melhor do que eles, se souberem pôr de lado os ódios que o amor gera.