‘Auditoria especial’ sem consequências patrimoniais para o Montepio

António Tomás Correia, presidente da Caixa Económica Montepio Geral, está hoje a clarificar, em conferência de imprensa, o âmbito e as conclusões da auditoria “especial” realizada pelo Banco de Portugal à instituição.

De acordo com o banqueiro, a "auditoria especial foi pedida a 30 de Outubro de 2013" com o objectivo de avaliar práticas e procedimentos na concessão de empréstimos e escrutinar as garantias associadas, através de uma amostra de cerca de 40 créditos. O período da auditoria abrange os anos de 2009 a 2012.

A auditoria especial só arrancou efectivamente em Julho de 2014. “O período de nove meses [entre a data em que a auditoria foi reportada por carta e a sua efectiva implementação] é indicativo de que o regulador não imaginava coisas de grande complexidade”, analisa o banqueiro.

Os resultados da auditoria revelam "que não há consequências patrimoniais, nem reflexos no capital do Montepio", garante.

António Tomás Correia rejeita que a inspecção à carteira de créditos seja apelidada de “auditoria forense”. Trata-se de uma "auditoria especial" como tantas outras realizadas em instituições bancárias, sustenta o presidente da Caixa Económica.

90% das deficiências estão resolvidas

O banqueiro garante ainda que as deficiências detectadas no controlo interno e procedimentos foram objecto de melhoria em 90% após 2012. "A partir de 2012 o nosso controle interno funcionou e bem. Detectámos muitas insuficiências que corrigimos”, assegura.

“Os resultados da auditoria são aqueles que sempre dissemos. Não há consequências patrimoniais para o Montepio em função dessa auditoria. Há melhorias a nível interno que podem ser implementadas. O controle interno é um processo em constante melhoria.”

A auditoria especial não deu origem a qualquer processo de contra-ordenação para a instituição nem motivou a reavaliação de idoneidade de administradores da instituição.

Tomás Correia recandidata-se

Tomás Correia aproveitou a conferência para anunciar que vai recandidatar-se à presidência da Associação Mutualista.

"Posso considerar-me razoavelmente amortizado. Trabalho desde os 10 anos", ironizou.

Mas ainda assim, e para defender a “má imagem” que afecta neste momento a instituição, Tomás Correia vai recandidatar-se à presidência da Associação Mutualista.

Actualmente, António Tomás Correia acumula a presidência da Associação Mutualista e da Caixa Económica. O seu mandato no Grupo Montepio termina no final deste ano. A alteração dos estatutos impede que o banqueiro acumule os dois cargos e, por isso, será apenas candidato à presidência da Associação.

Um dos nomes que tem sido referido para a presidência da Caixa Económica é o Fernando Teixeira dos Santos, antigo ministro das Finanças.

António Tomás Correia assegura que há mais três potenciais candidatos, mas recusa adiantar os nomes.

sandra.a.simoes@sol.pt