Quadrilha vigiava a PJ antes de assaltar carrinhas dos CTT

Uma quadrilha suspeita de dedicar-se a assaltar carrinhas dos CTT por todo o país e que foi desmantelada pela Polícia Judiciária do Porto, rodeava-se de cuidados especiais para evitar ser apanhada e fazia contra-vigilância à própria PJ, anotando matrículas de carros descaracterizados “suspeitos” de pertencerem a forças de segurança, soube hoje o SOL.

A operação da Polícia Judiciária foi desencadeada quando estaria em fase adiantada de preparação mais um assalto à mão armada a uma carrinha dos CTT supostamente no Sul e que terá sido assim evitado pela Secção Regional de Combate ao Banditismo (SRCB).

O grupo de cinco homens detido, com mais de 30 anos e menos de 50 anos, tinha a sua vida centrada em Gondomar, dispondo de uma oficina de reparação de automóveis, que serviria como “negócio de fachada”, isto é, uma actividade lícita para esconder a “vida dupla” que já teria em simultâneo desde há cerca de três anos.

Nesta fase das investigações criminais a Directoria do Norte da Polícia Judiciária atribui ao grupo a autoria de um elevado número de assaltos à mão armada, quase todos contra carrinhas dos CTT, que terão rendido mais de meio milhão de euros. Parte do dinheiro foi recuperada pelos operacionais da Polícia Judiciária, admitindo-se que seja resultado do produto do roubo dos últimos assaltos a viaturas dos Correios atribuídos à quadrilha.

As manobras de diversão não se resumiriam à contra-vigilância de viaturas da Polícia Judiciária, incluindo o uso diversificado de automóveis, para evitar os seguimentos e as vigilâncias de que poderiam ser alvo. Por outro lado, a quadrilha nunca comunicaria por telefone entre si e em situações limite, enviariam mensagens codificadas através dos telemóveis, mas sempre com programas informáticos pela internet, sem ficarem registos das suas comunicações escritas.

Uma outra característica que numa fase inicial terá dificultado as investigações da PJ foi o facto de todos os suspeitos não terem cadastro criminal, pelo que as suas referências policiais eram inexistentes nos ficheiros da Polícia Judiciária.

Três suspeitos em prisão preventiva

O grupo foi desmantelado através de uma operação da Secção Regional de Combate ao Banditismo (SRCB) da Directoria do Norte da Polícia Judiciária, tendo os cinco detidos sido já apresentados, ao longo deste final da semana, ao Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto. Três estão em prisão preventiva, encontrando-se na Cadeia de Custóias, em Matosinhos, enquanto os outros dois homens estão com apresentações periódicas às autoridades policiais das suas áreas de residência.

Prevê-se que esta segunda-feira os dirigentes da Polícia Judiciária do Norte revelem, no Porto, mais dados acerca do grupo desmantelado, exibindo não só armamento, como o dinheiro apreendidos durante as buscas domiciliárias, como cerca de três dezenas de automóveis e motos dos suspeitos, para além de outros objetos utilizados para a prática dos assaltos à mão armada. O produto total dos roubos ultrapassa meio milhão de euros, podendo ter atingido cerca de 700 mil euros, ainda segundo soube hoje o SOL.

Outro grupo preso pela GNR de Braga

Um outro grupo que assaltou uma carrinha dos CTT Expresso em Braga tinha sido já desarticulado pela GNR de Braga, ficando em prisão preventiva os seus sete elementos. A GNR de Braga tinha detido todos os suspeitos, incluindo o alegado líder do grupo, recuperando 15 mil euros, cerca de metade do montante total daquele roubo.

Os sete suspeitos do assalto à mão armada são “seguranças” privados da noite minhota e residiam em Braga e Guimarães, sendo detidos pelo Núcleo de Investigação Criminal (NIC) e com outras valências, operacionais e logísticas do Comando da GNR de Braga.

A quadrilha é suspeita de ter roubado mais de 30 mil euros, após mandar deitar-se no chão e colocar as mãos na cabeça a uma dezena de funcionários do Entreposto dos CTT Expresso de Celeirós, nos arredores da cidade de Braga, em 19 de Fevereiro deste ano.