O PS o PSD e as sondagens

O PS não arranca nas sondagens, mas lá vai subindo. Parece o balão do João, que ‘sobe, sobe, sem parar’. Longe da maioria absoluta, mas sempre a subir.

As últimas eleições inglesas, contudo, por causa do desfasamento entre as sondagens e os resultados (não tanto em percentagens de votos, mas mais na distribuição de deputados), que estavam longe de prever a maioria absolta de Cameron, e auguravam um empate técnico entre conservadores e trabalhistas, deixaram o mundo traumatizado.

Não é que as sondagens não se tenham fartado de falhar, sobretudo em Inglaterra: por causa dos que por qualquer motivo mentem sobre em quem pensam votar, e por causa do efeito que as próprias sondagens têm no comportamento do eleitorado na hora do voto da verdade.

Nós por cá também já tivemos ‘terramotos’ eleitorais (para usar uma expressão cunhada na altura por um especialista). Lá, por exemplo, os trabalhistas foram praticamente varridos de um dos seus bastiões, a Escócia, agora esmagadoramente representada por um partido mais radicalmente de esquerda e independentista.

Tenho para mim que o interesse das sondagens está mais na evolução do voto que mostram, do que no resultado exacto que pretendem dar. E, na evolução do voto, o que vemos é uma subida lenta do PS, mas subida. Não me atreveria a dizer que o PS não consegue uma maioria absoluta. Nem que a consegue.

Mas uma coisa é verdade: quando o líder do PSD garante que não haverá coligações pós-eleitorais com o PS, depois de o líder do PS ter afirmado o mesmo – vemos que desta vez quem ficou em posição de inferioridade foi o PSD. Mesmo que demos de barato não interessar o que eles dizem, tanto mais que a derrota eleitoral de qualquer deles equivalerá ao seu afastamento, por muito que se queiram agarrar ao lugar (e Passos está a dar a ideia de que o quer), ou que aceitemos ser apenas ‘necessaria’ estratégia eleitora aquela negação, neste momento, quem não tem condições nenhumas de formar um governo maioritário, a avaliar pelas sondagens, é o PSD. O PS pode sempre aliar-se ao CDS (que, torcendo agora o nariz por motivos eleitoralistas, nunca fechou totalmente a porta), ou a partidos à sua esquerda. Tem portanto mais hipóteses de conseguir uma maioria absoluta pós-eleitoral, mesmo que não a obtenha sozinho – e assim atender aos curiosos desejos expressos pelo Presidente em fim de mandato.

Uma coisa parece certa: os 3 partidos do chamado Arco da Governação – PS, PSD e CDS – juntos, a avaliar pelas sondagens, perdem cerca de 10 pontos relativamente às eleições anteriores. O eleitorado português não está tão radical como outros europeus, no horror aos partidos do sistema, mas parece querer castigá-los. Virando-lhes simplesmente as costas, com o voto noutros – ou a abstenção.

Vamos pois vendo as tendências das sondagens. E por enquanto ainda é cedo para conclusões definitivas, mas convém reter o que vai saindo para analisar a evolução: fiquemos pois com o que deram as sondagens da Euroexpansão (Expresso e SIC) e da Aximage (CM) na semana passada, e esperamos para ver as próximas.