Dores de cabeça na Madeira por ter três equipas na I Liga

O União da Madeira conseguiu hoje o feito de subir à I Liga de Futebol e vai juntar-se ao Marítimo e ao Nacional na próxima época.

O desafio maior será saber como é que uma Região com cerca de 250 mil habitantes e com um tecido económico débil irá sustentar três equipas no escalão maior do futebol português.

É preciso recuar 20 anos, à primeira metade da década de 90, para que o cenário se repita.

Na altura, o União era liderado pelo ‘todo poderoso’ secretário-geral do PSD e presidente da Associação da Construção Civil, Jaime Ramos com as empresas de construção civil a injectar dinheiro no clube.

Mas agora os tempos são outros. As grandes obras públicas deixaram de existir na Madeira e as construtoras debandaram para o continente africano.

A Madeira está debaixo de um plano de resgate desde 2012 e o dinheiro não estica.

O novo Governo Regional de Miguel Albuquerque já anunciou que irá cortar 10% nos apoios públicos ao futebol profissional.

Mas estava a pensar em duas equipas na I Liga.

O corte entra em vigor na época desportiva 2015/2016.

O orçamento é, agora, a dividir por três pelo que os dirigentes dos clubes madeirenses terão de fazer contas à vida.

Isto se o Executivo regional não recuar na sua intenção de cortar 10% para que essas verbas sejam canalizadas para a acção social escolar.

Os 10% de corte representam cerca de 600 mil euros no orçamento regional.

O novo Governo Regional, no seu programa de Governo recentemente aprovado, aposta no desporto mas “principalmente como atividade de lazer”.

A ideia, agora, é “fomentar e dinamizar o Desporto para Todos, numa lógica de ocupação dos tempos livres das populações e da promoção do seu bem-estar e saúde”, reforçar a aposta na formação desportiva dos jovens praticantes, em detrimento da alta competição e do alto rendimento.

O novo Governo de Miguel Albuquerquerque quer “apoiar a participação nas competições nacionais regulares e não regulares, bem como nas competições internacionais, de diversas modalidades e escalões, com base na representatividade regional e qualidade desportiva”.

Por isso, prevê a “adoção de critérios de participação em função dos interesses de desenvolvimento desportivo global, das efetivas disponibilidades financeiras da Região e do retorno proporcionado”.

São ainda critérios “a assunção dos encargos resultantes da supressão da descontinuidade territorial, mantendo a perspetiva de tal encargo transitar para a República”. Ou seja, negociar com a República a possibilidade desta pagar encargos com o desporto, por exemplo no que toca às necessárias viagens aéreas para os atletas.

Para isso, o novo Executivo Regional conta dotar a administração pública de um documento orientador da relação com as entidades desportivas com a duração mínima de um ciclo olímpico e elaborar e implementar um Plano Estratégico de Desenvolvimento Desportivo 2016-2020.

Recorde-se que, não fora uma vaia recebebida em 1998 pelo ex-presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, no estádio dos Barreiros, num jogo do Marítimo, e a ideia então defendida pelo ex-presidente de a Madeira ter um clube único tinha vingado.