Uma vitória surpreendente que poderá anunciar uma mudança de ciclo na Polónia: a Plataforma Cívica (PO), que domina o Governo desde 2007 e ocupava a presidência desde 2010, depara-se com uma perda substancial de apoio popular a poucos meses das eleições legislativas. Ewa Kopacz, a primeira-ministra que assumiu o cargo em 2014 depois da saída de Donald Tusk para a presidência do Conselho Europeu, tem até Outubro para inverter a tendência.
A eleição de Duda representa também uma mudança geracional, já que aos 42 anos este será o primeiro líder político que viveu a vida adulta na era pós-comunista da Polónia. “Os que votaram em mim, votaram pela mudança e agradeço-lhes por isso”, disse o candidato vencedor, já depois de ter recebido as felicitações do adversário.
E se o cargo de Presidente é maioritariamente cerimonial, uma viragem à direita no Governo poderá ter implicações na política externa polaca, nomeadamente nas relações com Bruxelas: apesar de os dois partidos assumirem a preferência pela via ocidental, o PiS está filiado no Grupo de Reformistas e Conservadores Europeus (ECR), a bancada eurocéptica que os conservadores britânicos de David Cameron fundaram em Bruxelas.
Recorde-se que em 2007, foram os líderes do Pis – então os irmãos Kaczynski partilhavam a presidência e a liderança do Governo – que mais entraves colocaram à assinatura do Tratado de Lisboa.
