PS também não ouviu PSD sobre Carlos Costa

Em 2010, o PSD acolhia o nome de Carlos Costa, então indicado pelo Governo de José Sócrates para o Banco de Portugal, “sem nenhuma objecção”. Cinco anos passados, a recondução proposta por Passos Coelho foi considerada pelo PS a nomeação “mais partidarizada de um governador de sempre”.

PS também não ouviu PSD sobre Carlos Costa

A decisão de Passos de manter Costa à frente do banco central, anunciada na quinta-feira no Conselho de Ministros, foi alvo de críticas acesas por parte dos socialistas, que não gostaram de ficar de fora da selecção do nome do governador. Pedro Nuno Santos lamentou mesmo que o “PS só tenha sido informado da nomeação” na manhã de quinta-feira, sublinhando que isso aconteceu “numa altura em que mais se justificava um apoio alargado”.

Apesar da reacção socialista, a verdade é que em 2010 o PSD não foi consultado pelo PS sobre o nome de Carlos Costa.

Na altura, a indicação foi feita pelo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, que conhecia Costa da Faculdade de Economia do Porto, mas a ligação ao PS era quase inexistente. Pelo contrário, havia já uma ponte com o PSD: Costa foi, durante sete anos, chefe de gabinete de João de Deus Pinheiro na Comissão Europeia.

PS quer que audição não seja 'mero formalismo'

Para o PS, está por explicar a mudança entre as críticas feitas à actuação do governador no caso BES, no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito, e a decisão de recondução. “A maioria tem de explicar o que mudou entre as conclusões da Comissão e esta nomeação”, defendeu o deputado socialista, que vai levar essas questões para a audição a que Costa – seguindo as novas regras de indicação do governador – será submetido na Comissão de Orçamento e Finanças. A audição dará lugar a um parecer não vinculativo, mas Pedro Nuno Santos entende que “não deve ser um mero formalismo”.

A reacção dos socialistas contrasta com a forma como o PSD acolheu o nome de Carlos Costa quando este foi nomeado por Teixeira dos Santos. Em 2010, Manuela Ferreira Leite – que tinha acabado de perder a liderança para Passos – reagiu com um “vejo da melhor forma possível”.

Já Miguel Macedo, então líder parlamentar, assegurou não haver qualquer resistência a Costa no PSD: “A competência para a nomeação é do Governo. No uso dessa competência, o Governo fez aquilo que entendeu. Não temos nenhuma observação a fazer”, comentou.

margarida.davim@sol.pt