Paris: Saem os cadeados, entram pinturas de artista português

Os cadeados deixados por casais apaixonados na ponte das Artes, em Paris, estão a ser retirados para serem substituídos por painéis com pinturas de quatro artistas, um deles o português Pantónio.

Pantónio contou à Lusa que esteve a pintar "os painéis que vão substituir os painéis de cadeados". "Durante seis meses a ponte terá, de um dos lados, a minha decoração", contou, adiantando que as obras serão inauguradas no sábado.

O processo de retirada de centenas de milhares dos chamados "cadeados do amor" iniciou-se na segunda-feira. A Ponte das Artes, com cerca de 155 metros, que atravessa o Sena em frente ao Museu do Louvre, é conhecida pelos cadeados que casais colocaram ao longo do gradeamento, para selar a sua união, antes de deitarem a chave ao rio.

De acordo com o vice-presidente da Câmara de Paris, citado pela agência France Presse, serão removidos "cerca de um milhão de cadeados, o que representa perto de 45 toneladas".

No ano passado, em junho, o peso dos cadeados fez cair parte do gradeamento da ponte, obrigando à sua evacuação e ao seu encerramento temporário. A queda de uma secção de 2,40 metros não causou vítimas.

Em Paris, os cadeados, que em 2010 já cobriam a totalidade do gradeamento da Ponte das Artes, espalharam-se por outras pontes, tendo até sido alguns removidos do topo da Torre Eiffel.

A moda dos "cadeados do amor", que chegou à Ponte das Artes em 2008, existe noutros países, como Alemanha, Rússia, China e, em larga escala, em Itália.

Os painéis de arte urbana da Ponte das Artes também contarão com obras dos franceses Jace e Brusk e do franco-tunisino El Seed, além de Pantónio, todos convidados pela autarquia parisiense, em conjunto com a galeria Itinerrance. As obras ficarão expostas temporariamente, já que estes painéis serão substituídos por outros, de acrílico, a serem instalados depois do verão.

A galeria Itinerrance representa Pantónio, depois de este ter colaborado no projeto "TOUR PARIS 13", no qual participaram mais de cem artistas urbanos, entre os quais onze portugueses, que "ocuparam" um prédio de dez andares, entretanto demolido, na capital francesa.

No ano passado, Pantónio pintou, também em Paris, aquele que foi apresentado como "o mural mais alto da Europa".

A obra ocupou os 66 metros de altura e 15 metros de largura da fachada lateral de um prédio, no 13.° bairro de Paris, e apresenta uma espiral de peixes em turbilhão, que rodam em torno de umas cordas ancoradas ao chão.

Lusa/SOL