Segundo os dados hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), atendendo à "redução brusca a que se assistiu recentemente" em ambos os fluxos do comércio de bens com Angola, o instituto — que hoje divulgou as mais recentes estatísticas do comércio internacional — apresentou informações mais detalhadas sobre este mercado.
Segundo refere, as exportações de bens para Angola atingiram 552,0 milhões de euros no 1.º trimestre de 2015, recuando 23,6% face ao 1.º trimestre de 2014, quando na globalidade das exportações nacionais de bens se registou um aumento de 4,0%.
Esta evolução, nota o INE, "acompanha a tendência de desaceleração do crescimento das exportações de bens para Angola iniciada em 2013", já que, após acréscimos anuais "acentuados" de 22,3% e 28,3% em 2011 e 2012, respetivamente, em 2013 o aumento foi 4,2% e em 2014 foi 2,0%.
Neste contexto, no 1.º trimestre de 2015, as exportações portuguesas para Angola registaram a maior redução homóloga entre os países de destino das exportações portuguesas, o que levou a que passasse de 4.º maior cliente dos bens nacionais (peso de 6,2%) para 6.º no 1.º trimestre de 2015 (peso de 4,5%).
Segundo o INE, o decréscimo homólogo das exportações de bens para Angola no 1.º trimestre afetou todos os grupos de produtos exportados, mas foi sobretudo notória nas máquinas e aparelhos (-24%), metais comuns (-21,8%) e outros produtos (-35,1%, principalmente em resultado da diminuição das exportações de móveis e suas partes).
Ainda assim, as máquinas e aparelhos continuaram a ser o principal grupo de produtos exportado por Portugal para Angola, tendo representado 26,9% das exportações de janeiro a março (-0,1 pontos percentuais face ao 1.º trimestre de 2014), e os metais comuns permaneceram como 3.º principal grupo de produtos exportado para Angola (peso de 11,5%).
Os produtos alimentares, que são tradicionalmente o 2.º maior grupo de produtos exportado para Angola, registaram uma redução de 16,2%.
Apesar da diminuição das exportações de bens, no 1.º trimestre de 2015, o saldo das transações comerciais de bens com Angola aumentou 165,6 milhões de euros face ao mesmo período de 2014, tendo atingido um excedente de 359,4 milhões de euros.
À semelhança dos anos anteriores, refere o INE, o excedente nas transações com Angola "continuou a ser dos mais significativos" em termos do comércio internacional de bens de Portugal, surgindo como o 2.º maior no 1.º trimestre de 2015.
O aumento homólogo do excedente comercial no 1.º trimestre de 2015 é atribuído ao "forte decréscimo" registado nas importações de bens (-63,6%), a maior redução registada na globalidade dos países e que representa uma redução ainda superior à registada em 2014 (-39,0%), que inverteu a tendência de aumentos acentuados verificada desde 2010.
Quanto às importações de Angola, referem-se "quase exclusivamente" a combustíveis minerais, sendo a evolução nominal deste tipo de bens influenciada pela evolução dos preços nos mercados internacionais, em especial da cotação do petróleo bruto (brent), cuja cotação média em euros diminuiu 39,3% no 1.º trimestre de 2015 face ao mesmo trimestre de 2014.
Segundo nota o instituto, a alteração dos países de origem dos combustíveis minerais é "uma situação recorrente", pois estes bens são adquiridos num cabaz de diversas origens, de acordo com as condições económicas mais competitivas e com a especificidade dos bens.
Em termos homólogos, de janeiro a março, as importações de combustíveis minerais de Angola diminuíram 64,0% em valor e 39,2% em volume, o que remeteu o país de 6º para 11º maior fornecedor de bens a Portugal (peso de 1,4%, menos 2,3 pontos percentuais face ao 1.º trimestre de 2014).
Analisando a distribuição do peso das exportações de bens para Angola no total das exportações das empresas portuguesas que efetuaram transações com aquele país, o INE reporta uma "elevada exposição a esse mercado" por parte da maioria destas empresas.
Assim, em 2014, 68% das empresas que exportaram bens para Angola registaram uma concentração das suas exportações para esse mercado entre 76%-100%, representando 64% do valor total das exportações portuguesas para esse país.
Já 75% destas empresas apresentaram um grau de exposição acima dos 50% (concentrando 80% do valor transacionado para esse mercado), sendo que estas empresas correspondiam a 32% do total das empresas portuguesas que declararam exportações em 2014 (6% do valor total).
Lusa/SOL