30 anos na UE: Martin Schulz vê uma ‘sombra’ na ‘história de sucesso’ de Portugal

Em encontro com jornalistas portugueses em Estrasburgo, o presidente do Parlamento Europeu lançou um desafio: “Comparem Portugal de 1985 e o Portugal de hoje. Olhem para Lisboa, para o Porto, para Coimbra, para a costa algarvia. E comparem o país, a economia, as universidades, as empresas”.

O alemão não tem dúvidas. “Verão que o país se desenvolveu muitíssimo. Mas também que nos últimos cinco anos apareceu uma sombra nesta história de sucesso”. Uma sombra em forma de crise financeira, que “levou os cidadãos comuns, especialmente jovens desempregados, a pagar com as suas oportunidades de vida uma crise provocada por outras pessoas irresponsáveis”.  

O socialista que vai no segundo mandato como líder do PE lembra que a adesão comunitária ajudou Portugal a “estabilizar a democracia” e a aprofundar “a garantia dos direitos individuais dos cidadãos que durante a ditadura não eram garantidos”. Mas recorda que a UE também representou “uma promessa de mais igualdade e justiça, de mais crescimento e empregos”. E 30 anos depois, “olhando para a vida dos cidadãos comuns”, constata que “isso diminui todos os dias”.

Um fenómeno que não atinge apenas Portugal: “A democracia europeia está ameaçada”, reconhece aquele que foi o candidato dos socialistas europeus para liderar a Comissão Europeia. “Há forças antidemocráticas na Europa, sentada aqui neste Parlamento, que colocam os direitos individuais em causa”, disse Schulz, lembrando a recente iniciativa de um grupo que propôs debater a reintrodução da pena de morte na Europa.

O dirigente reconhece a injustiça de um sistema em que “os especuladores fazem milhões de lucros sem pagar impostos e no momento em que perdem milhões têm de ser os contribuintes a pagar as perdas”. E para “recuperar a confiança dos cidadãos” considera “importante para Portugal e para todos os Estados-membros que se introduza um sistema fiscal que esclareça que o país do lucro é o país do imposto”. 

nuno.e.lima@sol.pt