Durão continua no ‘topo do mundo’

Durão Barroso entra este fim-de-semana na direcção do Clube de Bilderberg, o fórum de decisores mundiais que todos os anos reúne a nata da política e da finança. “Não era a candidatura a Belém que o tornava importante. Isto dá-lhe prestígio e tem poder”, diz ao SOL Ângelo Correia, companheiro de partido de Barroso. Implícita…

Durão continua no ‘topo do mundo’

A reunião anual decorre, desde quinta-feira e até domingo, em Telfs-Buchen, uma estância de luxo nas altas montanhas do Tirol austríaco. É lá que Francisco Pinto Balsemão passará simbolicamente testemunho do posto que ocupou durante 32 anos – o do português na direcção do famoso grupo orientado para “promover o diálogo entre a Europa e a América do Norte”.

O lugar fica bem entregue a Barroso, o português que durante uma década presidiu à Comissão Europeia? “Sim, não há quem tenha tido um cargo internacional tão prestigiante como teve Durão. Nem Guterres”, sentencia Ângelo Correia.

A socialista Ana Gomes não ficou surpreendida com a escolha de Balsemão (que terá de ser agora confirmada pela direcção de Bilderberg). “Corresponde à personalidade de Durão Barroso. O que o faz mover é a apetência pelo poder. Está no seu ADN”, afirma ao SOL.

A eurodeputada eleita pelo PS foi camarada de Durão Barroso no MRPP, o partido maoista que agitou os anos da Revolução. “Já nessa altura lhe ouviam dizer que um dia seria Presidente da República”, recorda.

Em lugares opostos da barricada política, Durão e Ana Gomes cruzaram-se durante dez anos em Bruxelas e Estrasburgo. A eurodeputa faz um balanço muito negativo do mandato do presidente da Comissão Europeia. “Esteve na UE ao serviço de outros interesses e julgo que vai estar em Bilderberg também ao serviço desses interessses”, critica.

No seu livro O Clube Secreto dos Poderosos – Os Planos Ocultos de Bilderberg, a jornalista espanhola Cristina Martín Jiménez acusa esta elite de se substituir aos Governos. Já Ana Gomes diz “não alinhar em teorias da conspiração”, mas concede: “os senhores de Bilderberg são poderosos porque há políticos eleitos que são fracos e capturados por interesses”.

Com Kissinger e António Vitorino, a falar da Grécia

Nesta 63.ª conferência, além de Durão Barroso e Balsemão, participa (como convidado) um terceiro português: António Vitorino.

A situação na Grécia, o terrorismo, a estratégia política europeia ou as eleições presidenciais nos EUA são temas de debate. Ente os 140 participantes de 22 países encontram-se Henry Kissinger, a banqueira Ana Botín, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloemm, e os administradores da Google, Airbus e JP Morgan. Além do secretário-geral da NATO.

A ascensão política de Durão Barroso está ligada a Bilderberg. Foi lá como convidado, antes de dois momentos importantes: em 2003 (já primeiro-ministro, após ter sido o anfitrião da cimeira dos Açores que precedeu a guerra do Iraque) e em 2005 (recém-eleito presidente da Comissão Europeia).

manuel.a.magalhaes@sol.pt