Jesus jantou com Bruno até às 4 da manhã

Eram 8h50 de terça-feira da semana passada quando, ao desligar o telemóvel, Jorge Jesus se convenceu de que o ciclo no Benfica tinha chegado ao fim.

Pouco tinha dormido nessa noite, depois de ter saído de uma reunião com Luís Filipe Vieira com a sensação de que o presidente 'encarnado' estaria mais interessado em empurrá-lo para o estrangeiro do que em renovar contrato com ele – como o SOL adiantou na semana passada. Combinaram viajar para França no dia a seguir, a fim de o treinador ouvir as propostas que o empresário Jorge Mendes tinha para lhe apresentar, mas na cabeça de Jesus nada daquilo fazia sentido. A reunião ficou a remoer-lhe até ao telefonema de Vieira na manhã seguinte.

Perante a hesitação do Benfica, o treinador já havia informado o Sporting da sua disponibilidade para aceitar uma proposta dos 'leões' e aquela conversa telefónica com o presidente do Benfica veio clarificar de vez algo que Jesus estava com dificuldade em interiorizar. Quanto mais Vieira insistia na viagem a França, mais crescia no técnico a vontade de permanecer em Portugal.

Comunicou ao líder do Benfica que não iria a Paris e ficou no ar a hipótese de se encontrarem no dia seguinte para discutirem a renovação de contrato. Mas Jesus já não tinha a mínima vontade de continuar na Luz. A partir desse momento, virou a agulha para o rival de Alvalade e comprometeu-se nesse mesmo dia com os 'leões'. À noite, esteve à conversa com Bruno de Carvalho até às quatro da manhã, depois de terem jantado em casa de um amigo comum.

Para surpresa do próprio treinador, a troca de ideias com o presidente leonino mostrou muitos pontos de contacto e fez disparar no tricampeão pelo Benfica a convicção de que tinha dado o passo certo.

Em conversa com amigos, Jesus confidenciou que “gostou muito de falar com Bruno de Carvalho” e, ferido no seu orgulho, rejeitou voltar a falar com o Benfica. “Agora nem que me ofereçam o dobro. Já dei a minha palavra e não volto atrás”, deixou escapar aos mais próximos. Jesus acredita que Vieira só tentou renovar com ele depois de saber que havia sérias possibilidades de o técnico se mudar para o outro lado da Segunda Circular.

Nenhuma das propostas trazidas pelo empresário Jorge Mendes interessou ao treinador, apesar de vantajosas do ponto de vista financeiro. Nem do Marselha, nem do Milan, nem do Zenit. E muito menos do Qatar, que poderia ser a porta de entrada para o Paris Saint-Germain no futuro, uma vez que os donos do clube são naturais daquele país do Médio Oriente. “Quando o PSG me quiser que venha falar comigo para ir para lá directamente”, terá respondido Jesus a Mendes.

Apresentação em Alvalade mexe com patrocinadores

Até 30 de Junho, é ponto assente que o novo treinador do Sporting não poderá trabalhar para o clube, pois só nesse dia deixa de ser assalariado do Benfica.

Já a apresentação oficial aos adeptos leoninos poderia acontecer antes, mas o mais provável é ficar para 1 de Julho. Em causa estão os direitos de imagem de Jorge Jesus, cedidos até ao fim do mês ao Benfica. Os 'encarnados' teriam argumentos para mover um processo contra o técnico se surgisse num acto público rodeado pelos patrocínios do rival.

A alternativa para o Sporting seria 'esconder' os seus patrocinadores, o que não agrada às marcas. A decisão será tomada após o regresso de férias de Jesus, na próxima semana.

rui.antunes@sol.pt