Impossível prever consequências de eventual incumprimento da Grécia

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, admitiu hoje, em Bruxelas, que é impossível prever as consequências a médio e longo prazo de um eventual incumprimento por parte da Grécia, já que se entraria “em águas desconhecidas”.

Impossível prever consequências de eventual incumprimento da Grécia

Numa discussão na comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, a eurodeputada portuguesa Elisa Ferreira perguntou a Draghi se, "tecnicamente", tinha "a certeza absoluta de que há uma protecção relativamente a riscos de contágio", caso os credores não alcancem um acordo com Atenas que permita à Grécia cumprir os seus pagamentos, pois "pessoalmente" não considerava essa opinião "sólida", tendo o presidente do BCE retorquido que não é aconselhável especular, nem tão pouco é possível fazê-lo. 

"Não quero especular, não penso que seja produtivo especular sobre eventuais desenlaces (das negociações), e uma boa razão para não especular é porque estaríamos a entrar em águas desconhecidas" caso o cenário de incumprimento da Grécia se consumasse, respondeu.

Segundo Draghi, há "ferramentas para gerir a situação da melhor forma possível" em caso de eventos significativos inesperados, mas aquilo que seriam "as consequências a médio e longo prazo para a construção e desenho da União, é algo que, hoje, ninguém está em posição de prever ou imaginar".

Na sua intervenção, Elisa Ferreira, porta-voz dos Socialistas Europeus para os Assuntos Económicos, questionou ainda Draghi sobre o papel que o BCE pode desempenhar com vista a tentar desbloquear um acordo entre a Grécia e os seus credores, frisando que "se houver um incumprimento, a zona euro «parte-se»", e tudo devido a um desacordo alegadamente em torno de 2 mil milhões de euros, "o que representa 0,02% do PIB da UE".

Draghi sustentou que o BCE "não é uma instituição política e atua de acordo com regras já existentes", apontando que as decisões devem ser tomadas em sede do Eurogrupo, acrescentando que também é da opinião de que, "neste momento, a bola está do lado das autoridades gregas".

Lusa/SOL