Três pontos à ‘realidade’ de António Costa

1. António Costa tem, recorrentemente, dado como exemplo a sua gestão do Município de Lisboa por comparação com atuação do Governo sobretudo no que respeita à dívida de Lisboa e à sua, suposta, redução em 40%. Ora vamos a factos. Em 2014, segundo os relatórios da CML, o total da dívida era de 723 milhões…

2. Na entrevista que concedeu ao jornal Público, António Costa desvenda a sua nova bandeira eleitoral. A transparência e o reforço das competências dos quadros do Estado contra os poderes instalados e as “assessorias privadas”. Vamos novamente a factos. A CML tem um departamento jurídico de reconhecida dimensão e qualidade. É um facto. Mas isso não inibiu Costa de contratar, por exemplo, dois importantes escritórios de advogados para tratarem do processo Bragaparques. Um exemplo entre muitos que a seu tempo serão conhecidos por todos nós. É portanto de salutar esta intervenção de Costa que difere daquilo que pôs em prática na sua gestão na cidade de Lisboa;

3. O Grexit e o documento económico de Costa. Já muito se falou sobre as medidas económicas e sobre as previsões de crescimento que o documento económico do PS prevê. A par de um crescimento médio da economia nacional de 2,6% entre 2016 e 2019 (previsões ainda mais otimistas que as do governo. Sinal que afinal alguma coisa resultou nestes últimos quatro anos) sabemos já que os cortes têm fim à vista, o emprego voltará em força (só de arranque vamos já em 45 mil prometidos) e a carga fiscal diminuirá. Acontece que o efeito Grécia baralha as contas do PS. “A vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha” dizia Costa entusiasmado em janeiro deste ano. Claro que a vida mudou e o Syriza, por mais legitimidade que tenha e por melhores que sejam as suas intenções, está agarrado à União Económica e aí, como sabemos, há regras das quais dificilmente fugirá, como aliás temos vindo a observar. Hoje, o PS de Costa está mais reservado. Tão reservado que já assume que afinal os cortes e a carga fiscal afinal, se na Grécia der para o torto, são para manter. Mas claro, nessa altura a culpa será sempre dos outros…

* deputado do PSD