‘Esconder Portas seria um acto falhado’

Nuno Magalhães defende que o risco de Paulo Portas andar na ‘sombra’ de Passos Coelho não existe. E que o ‘brilho próprio’ do líder do CDS será uma mais-valia na rua.

‘Esconder Portas seria um acto falhado’

Está à espera de ver Passos Coelho e Paulo Portas surgirem  muitas vezes juntos em campanha?

O que espero e tenho a certeza é que haverá uma vontade genuína dos dois de que a campanha possa decorrer de forma certeira e concertada.

Mas acha que pode ser vantajoso?

Acho que pode ser vantajoso quer do ponto de vista da mensagem interna de coesão para os militantes e simpatizantes dos dois partidos, quer do ponto de vista da mensagem externa. Também sei que Passos Coelho e Paulo Portas têm capacidade de entendimento suficiente para que o discurso seja articulado, mesmo que andem separados.

É vantajoso que o CDS mantenha o seu próprio espaço e faça alguma campanha autónoma para segurar o seu eleitorado?

A marca do CDS esteve presente ao longo destes quatro anos e terá de estar e estará no programa eleitoral. Os partidos decidiram ir, e bem, em coligação. Devemos preocupar-nos mais em dizer que as medidas são da coligação do que se são mais caras ao CDS ou ao PSD. As pessoas intuirão isso.

Não há o risco de Portas se transformar na 'sombra' de Passos?

Acha que tem sido nos últimos quatro  anos? Não é desejável e creio que nem Passos Coelho nem o PSD quererão isso. Pelo contrário. Cada um terá o seu espaço. A coligação ganha em que Portas apareça e esteja no terreno. É conhecido que em campanha o CDS cresce e que Portas em campanha faz com que haja uma amplificação dos resultados. O PSD não quer, seria mau para a coligação e Paulo Portas é Paulo Portas. Tem o seu brilho próprio e a comunicação social respeita esse brilho. Por isso, mesmo que o quiséssemos esconder, e não queremos, seria um acto falhado. 

Está disponível para ser candidato a deputado? Por onde?

Se for convidado e o partido aprovar faz sentido que seja em Setúbal, onde sou líder da distrital e estou ligado às estruturas desde 2003.

Os partidos já não têm capacidade para atrair independentes com notoriedade?

Alguns independentes captados, de um lado e do outro,  têm peso. E há até um movimento crescente de quererem participar mais na política. Mas há também pessoas que gostam de dar a sua opinião em órgãos de comunicação social mas depois quando convidados não estão disponíveis.

Se a coligação for derrotada Paulo Portas deve deixar a liderança?

Acho que vamos ganhar as eleições  e essa questão não se colocará.

Pedro Mota Soares ou Assunção Cristas dariam um bom líder do CDS?

Quando for o momento responderei a essa pergunta. O dr. Paulo Portas foi eleito num congresso para um mandato de dois anos que termina em 2016. O CDS tem um presidente de que gosta e que tem mostrado resultados. Estamos à beira de umas eleições que vão ser difíceis mas temos hipóteses de ganhar. Estarmos a gastar energias a falar num facto que a suceder pressupõe uma derrota do CDS não contribui para a vitória e, sobretudo, é um não facto.

Foi o CDS que atrasou a lei da cobertura das campanhas eleitorais?

Não, mantivemos diálogo com o PSD e o PS. Considero essencial legislar com bom senso, respeitando a liberdade editorial, o direito de informar e de os cidadãos serem informados. Garantindo que há debates e a proporcionalidade e representatividade que deve haver.

sofia.rainho@sol.pt