‘Prontos, tá tudo dito’

Quando um treinador de futebol consegue colar milhões de olhos às televisões e aos jornais porque um qualquer alucinado, teso que nem um carapau, resolveu pagar-lhe 300 mil pacotes mensais, ‘prontos, tá tudo dito’! Perante tamanha loucura colectiva, às vezes ponho-me a pensar que só eu é que ainda tenho o juízo todo… Preocupo-me com…

É por isso que não podia deixar passar em claro a quarta edição do Festival do Vinho do Douro Superior, uma região que para além das incríveis paisagens que oferece ao mundo, vai moldando vinhos por entre a aridez do xisto e as temperaturas escaldantes. A Câmara de Vila Nova de Foz Côa organizou e a Revista de Vinhos produziu um evento que atraiu até àquela recôndita região mais de sete mil visitantes para provarem vinhos e sabores daquelas terras.

Dos 154 vinhos a concurso, na categoria dos brancos ganhou o Bons Ares 2013 (Adriano Ramos Pinto) que nos trouxe um blend de viosinho, rabigato e sauvignon blanc, tudo uvas de altitude. Nos tintos, saiu vencedor o Duorum Vinhas Velhas Reserva 2012 (Duorum Vinhos), colocando-se à frente de duas referências ganhadoras em anos anteriores, a Quinta do Vale Meão e a Quinta da Touriga Chã. Já no que se refere aos Portos, a distinção foi para outro produto da Adriano Ramos Pinto, o Quinta da Ervamoira Vintage 2005, este feito com uvas de uma quinta junto ao rio Douro.

Os 300 mil que o ‘prontos’ vai ganhar por mês é que faziam imensa falta a esta região para dar um salto em frente. Riquíssima em termos de património único no mundo – o maior conjunto de arte rupestre paleolítica gravada ao ar livre e com mais de 25 mil anos, o respectivo museu, e as avassaladoras paisagens do Douro Vinhateiro que tanto podia dar ao turismo –, a região do Douro Superior não tem um número mínimo de oferta hoteleira de qualidade para oferecer a quem a queira visitar. Com isto é que eu me preocupo! Agora, tentem descobrir um lugarzinho numa residencial e venham ver com os vossos próprios olhos. Preocupem-se!

jmoroso@netcabo.pt