Exportadores da CPLP geram negócios lusófonos

O Centro de Congressos de Lisboa acolhe esta sexta-feira e sábado o 1.º Fórum da União de Exportadores da CPLP, o recém-criado ‘braço’ económico e empresarial da comunidade lusófona. Em dois dias, são esperados mais de 1.500 empresários, gestores, representantes de organismos públicos e governantes dos nove países da CPLP. Apesar de ser a primeira…

«O nosso objectivo é promover negócios de qualidade e com segurança entre as empresas que pertencem ao espaço da CPLP», afirmou ao SOL Mário Costa, presidente da UE-CPLP. O responsável explicou que a criação desta entidade surgiu de um desafio lançado na Cimeira de Díli, no ano passado, a mesma em que a Guiné Equatorial se tornou o nono país da CPLP. Nesse encontro de chefes de Estado e de Governo, foi proposto à Confederação Empresarial da CPLP, existente desde 2004, que criasse um organismo ainda mais vocacionado «para que as empresas, sobretudo as PME, promovam negócios entre si».

Segundo o presidente da UE-CPLP, uma vez que «a CE-CPLP tem uma relação mais institucional entre o tecido empresarial e os Estados e faz a ligação entre os empresários e os políticos», foi proposto a alguns associados criarem um novo organismo, «sob a sua alçada». «São duas estruturas diferentes», continua Mário Costa, «a UE promove relações entre empresários, a CE cria o ambiente para que os negócios possam acontecer».

Neste momento a União de Exportadores tem 408 associados, entre empresas e instituições, e «todas as semanas surgem novos parceiros». Cerca de 50% dos associados são lusos, «mas a tendência é para diversificar».

Périplo pela comunidade
Por outro lado, já foram criados núcleos da organização nos nove países da CPLP – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste -, o que também ajuda à atracção de novos associados dos quatro continentes. 

Para reforçar essa aproximação, a UE-CPLP realizou um périplo por todos os países da Comunidade, arrancando em Abril na Guiné-Bissau e terminando em Moçambique no último fim-de-semana. Mário Costa garantiu ao SOL que esse 'roadshow internacional' deu já origem a parcerias e negócios concretos, como a venda a melhores preços da produção de castanha de caju na Guiné-Bissau.

Quanto à receptividade da associação em geral, o presidente da União de Exportadores destaca que tem sido «enorme». Por um lado, abrange o espaço da Lusofonia e ajuda a «preparar as empresas para a internacionalização e acompanhá-las no mesmo processo, dos dois lados», um serviço que «só estava disponível para as grandes multinacionais». Por outro lado, abre a porta para muitos outros mercados: «Os nove países da CPLP têm relações económicas com outros em seu redor, o que aumenta a abrangência potencial para 86 países».

Criar uma 'Marca CPLP'
Um dos objectivos da União de Exportadores para os próximos tempos é a criação de uma 'Marca CPLP'. Mário Costa explica que o reconhecimento da comunidade pode ser uma vantagem para a empresa e um factor de escolha para os consumidores: «Com a Marca CPLP esse produto tem mais aceitação, porque é sinónimo de qualidade, de credibilidade e de confiança. Se a Confederação conferiu essa marca, é porque o produto reuniu os requisitos».

O primeiro Fórum da UE-CPLP conta com a presença em Lisboa de delegações de todos os países da Comunidade. Amanhã, dia 27 – depois de uma sexta-feira marcada por reuniões individuais ou em grupo nas salas temáticas dedicadas a cada um dos países – há três painéis onde serão abordadas as necessidades da comunidade, o desenvolvimento da economia lusófona e a livre circulação e potencialidades da CPLP. 

No arranque e no final intervêm Mário Costa, Salimo Abdula (presidente da CE-CPLP), sendo 'apoiados' por Marcelo Rebelo de Sousa com o Comendador Jorge Rocha de Matos (abertura); e pela ministra do Turismo de Cabo Verde, Leonesa Fortes, com o secretário executivo da CPLP, Murade Murargy (encerramento).

emanuel.costa@sol.pt