Tunísia. Ataque em zona turística faz pelo menos 37 mortos

Dois hotéis na cidade tunisina de Sousse foram alvo de aparentes ataques terroristas ao início da tarde desta sexta-feira. O ministro do Interior tunisino, Mohammed Ali Aroui, já veio confirmar 37 vítimas mortais e 36 feridos. A maioria das vítimas serão turistas, havendo já confirmação da morte de cidadãos belgas, alemães e britânicos.

Tunísia. Ataque em zona turística faz pelo menos 37 mortos

 

 

Um dos hotéis atacados terá sido o Marhaba Imperial, avança uma rádio local citada no Guardian. Situada a cerca de 150 quilómetros da capital Tunes, Sousse é um centro turístico muito visitado por turistas ocidentais, grupo que estará em maioria entre as vítimas. O ministro tunisino da Saúde informou que há cidadãos belgas, alemães e britânicos entre as vítimas mortais do ataque.

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Em Bruxelas, onde acabou de participar num Conselho Europeu, o primeiro-ministro espanhol confirmou que um dos hotéis atacados pertence a uma empresa espanhola. Segundo a AP, Trata-se do Imperial Marhaba, inserido na cadeira RIU Hotels & Resorts, que conta com mais de 100 hotéis espalhados por 19 países. 

Russia Today avança com uma alegada imagem de uma das praias onde terá decorrido o ataque.

 

O mesmo órgão está também a divulgar uma imagem que alegadamente mostra o atacante que terá sido morto pela polícia.

 

Mais uma imagem do local a ser divulgada no Twitter pela Tunisia Live:

 

A região onde se deram os ataques desta sexta-feira é uma das mais procuradas por turistas na Tunísia. Um sector de importância vital para a economia do país, como mostra este gráfico da BBC.

 

A AP falou com um especialista em terrorismo do Centro Internacional de Estudo da Radicalização, que antecipa "uma redução substancial do turismo na Tunísia", que no último ano representou mais do que 15% do Produto Interno Bruto (PIB). Alexander Meleagrou-Hitchins defende que os terroristas "viram uma oportunidade para destabilizar a economia assim como a situação política na Tunísia".

O especialista lembra que ataques do mesmo género tiveram efeitos desses no Egipto e no Quénia.

Alguns turistas britânicos que estariam hospedados nos hotéis atacados já deram o seu testemunho à Sky News: “Ouviu-se um barulho que parecia de armas automáticas”, revelou Susan Ricketts, acrescentando que “há pessoas a chorar e a correr de um lado para o outro de forma histérica”.

Já Gary Pines conta que o filho “estava na água” quando se apercebeu do ataque. Respondendo aos apelos do pai e da mãe para que se dirigisse ao hotel, o jovem terá visto “uma pessoa a ser baleada”, segundo conta o pai. Este britânico está a actualizar a sua situação através da sua conta de Twitter, onde horas depois do ataque mostrou imagens da piscina do hotel encerrada.

 

 

A Tunísia está desde Março com o alerta de terrorismo no nível máximo, devido a um ataque islamista ao Museu Bardo, em Tunes, que matou vários turistas na capital tunisina.

O país tem sido apontado como o exemplo mais bem-sucedido da Primavera Árabe, devido à forma como realizou a transição democrática após a queda do regime de Ben Ali, cuja cidade natal é Sousse. Mas depois de uma primeira fase em que foi governado pelos islamistas do Ennahda, o país votou no final de 2014 pela via secular.

Apesar dos sucessos registados, a queda do regime ditatorial tem vindo a dar espaço de manobra aos grupos radicais, incluindo o próprio Estado Islâmico, que foi acusado de estar envolvido no ataque ao museu Bardo. Ainda durante os Governos do Ennahda foram assassinados dois líderes de movimentos políticos seculares.

nuno.e.lima@sol.pt