À oitava semana sem defecar, Emily morreu

As autoridades britânicas estão a investigar a estranha morte de uma jovem de 16 anos.

Emily Titterington morreu depois de ter estado dois meses sem defecar. Sofrendo de uma distensão intestinal extrema que comprimia os restantes órgãos internos, acabou por sucumbir a um ataque cardíaco, numa noite em que uma equipa de emergência médica esteve duas vezes em sua casa.

Chamados uma primeira vez, os paramédicos encontraram a jovem com um aspecto “pálido” e com dores no tórax. Mas Emily recusou ser examinada ou levada para o hospital. A mesma equipa regressou às 4h da manhã. “Quando chegámos, o seu pai James estava à porta a gritar, a dizer que algo de muito errado se estava a passar”, recorda Lee Taylor, citado pelo Telegraph.

No interior da casa, os paramédicos encontraram novamente Emily. Agora estava no chão, à porta da casa de banho. “O seu abdómen estava extremamente dilatado. As costelas inferiores estavam mais saídas que a cintura. Fiquei chocado”, disse Taylor. Já não foi possível salvar a jovem.

“Nunca vi nada assim. Foi dramático”, contou também Amanda Jeffery, a médica responsável pela autópsia.

Esta história invulgar tem vários pormenores importantes que estão agora a ser investigados para apurar se tudo foi feito para evitar este desfecho trágico e bizarro. Em primeiro lugar, os problemas psicológicos de Emily. A adolescente sofria de uma forma ligeira de autismo, e recusava sistematicamente ser examinada por médicos. E tinha uma invulgar fobia de casas de banho, ficando frequentemente até dois meses sem defecar.

Emily tinha também problemas intestinais desde pequena, e a família tentou várias terapias para ajudar, mas sem sucesso.

Outra das pessoas interrogadas no âmbito do inquérito, a irmã Hannah Herbert, de 29 anos, confessou que não considerava que Emily vivesse num ambiente adequado, saudável e seguro, e que já tinha contactado os serviços sociais para expressar as suas dúvidas.

No entanto, o médico de família Alistair James disse não ter encontrado indícios de negligência enquanto acompanhou a adolescente.

A mãe, ouvida em tribunal, disse que a filha poderia ter sido salva se tivessem conseguido que um profissional de saúde tivesse construído um vínculo de confiança com a paciente.

A morte por obstipação intestinal é considerada extremamente rara.