Os peticionários, que reuniram 50 mil assinaturas para obrigarem os deputados a discutirem o tema, querem para já três coisas – e só estas, porque a maioria os terá convencido a baixarem expectativas (esperando mais na discussão e votação na especialidade): que as mulheres que fazem aborto no SNS não estejam isentas de taxas moderadoras (mais do que os verdadeiramente doentes ou das que vão ter bebés), que sejam obrigadas a verem e assinarem uma ecografia com a criança e que os médicos e enfermeiros objectores de consciência não sejam afastados deste processo. Parecem pedidos normalíssimos.
No entanto, Teresa Leal Coelho, uma adepta fervorosa do ‘passismo’ no PSD, acha que obrigar a ver a ecografia é igual a impor ‘uma pena acessória’. E o ministro da Saúde declarou que nada disto está nas prioridades do Executivo. Percebe-se por onde anda o seu pensamento e o dos seus – que, aparentemente, devido à aliança com o CDS e à fractura no grupo parlamentar, lá vão votar a favor da petição.
De qualquer maneira, este 3 de Julho vai ser importante no Parlamento. A imprensa tem-se mostrado quase unanimemente contra um puro acto de democracia e bom senso. Já imagino os fracturantes, cheios de ideias ‘nazis’ (como a de liberalizar o aborto e deixar que as mulheres decidam sem opinião dos presumíveis pais), a acharem-me reaccionaríssimo. Preferem o aborto a outros meios anti-concepcionais mais modernos e menos traumatizantes – para as crianças nascituras, para as mães, para o Orçamento do SNS, e para todos, mesmo os que não o admitem.