Passos assume que se vai bater por uma maioria absoluta, mas com a mesma receita que tem usado desde que chegou ao poder. O primeiro-ministro recordou mesmo que o programa eleitoral que apresentou em 2011 era “para dois mandatos” e deixou até em aberto uma das matérias que tem sido apontada como a grande reforma da próxima legislatura, a Segurança Social.
“Gostaria de deixar isto em aberto”, assumiu, explicando que o PSD ainda não desistiu de uma reforma para a Segurança Social com o contributo do PS. “Estamos disponíveis para ter um consenso alargado”, sublinhou, revelando que o programa eleitoral da maioria não deverá apresentar soluções fechadas para o sistema de pensões.
Depois de quatro anos de austeridade, Passos Coelho tem a noção de que a sua cara ficará colada à austeridade, mas não comenta uma sondagem que mostra que os portugueses o vêem como um mentiroso.
“É natural que eu seja um bocadinho o rosto do que se passou”, admitiu, numa entrevista na qual recuperou os números dos governos socialistas para demonstrar que a receita da coligação é a melhor.
“Julgo que temos uma proposta que não fará regredir Portugal”, disse o líder do PSD, que lembrou que a receita de aumento do rendimento disponível para estimular o consumo já foi usada pelo PS em 2009, “para fins eleitoralistas”, e acabou por ser “sol de pouca dura”.
“Não pudemos ser imprudentes”, repetiu o primeiro-ministro, que se assume como “coerente” e “previsível”.
“Temos objectivos ambiciosos dentro do realismo que temos”, resumiu, explicando que se vai continuar a bater pela mudança do Estado e que vai pedir uma maioria absoluta aos portugueses.
“Acha que temos por garantido que o PS vai ganhar as eleições?”, perguntou, divertido, à jornalista Clara de Sousa, lembrando que as sondagens são hoje mais favoráveis à coligação PSD/CDS do que eram há um ano.
A Grécia – que ocupou grande parte da entrevista – acabou por ser um dos principais argumentos para convencer os eleitores de que o caminho da maioria é o mais correcto, com o primeiro-ministro a não perder a oportunidade de ilustra com a situação que se vive em Atenas os resultados de uma política alternativa à que seguiu.
Passos quis ainda aproveitar para responder à polémica que marcou a semana, com as redes sociais a não pouparem o primeiro-ministro por ter afirmado ter sido uma ideia sua que desbloqueou o acordo com a Grécia. “Foi uma resposta a uma pergunta de uma colega sua”, justificou a Clara de Sousa. “Não destaquei isso na minha comunicação”, sublinhou.