‘Eu sou previsível? Sou’, diz Passos

“Eu nunca troquei medidas para ganhar eleições”, garantiu Pedro Passos Coelho, numa entrevista à SIC, dominada pela Grécia e pelo regresso às contas dos governos PS, para demonstrar que “o Partido Socialista não aprendeu com os seus erros”.

Passos assume que se vai bater por uma maioria absoluta, mas com a mesma receita que tem usado desde que chegou ao poder. O primeiro-ministro recordou mesmo que o programa eleitoral que apresentou em 2011 era “para dois mandatos” e deixou até em aberto uma das matérias que tem sido apontada como a grande reforma da próxima legislatura, a Segurança Social.

“Gostaria de deixar isto em aberto”, assumiu, explicando que o PSD ainda não desistiu de uma reforma para a Segurança Social com o contributo do PS. “Estamos disponíveis para ter um consenso alargado”, sublinhou, revelando que o programa eleitoral da maioria não deverá apresentar soluções fechadas para o sistema de pensões.

Depois de quatro anos de austeridade, Passos Coelho tem a noção de que a sua cara ficará colada à austeridade, mas não comenta uma sondagem que mostra que os portugueses o vêem como um mentiroso.

“É natural que eu seja um bocadinho o rosto do que se passou”, admitiu, numa entrevista na qual recuperou os números dos governos socialistas para demonstrar que a receita da coligação é a melhor.

“Julgo que temos uma proposta que não fará regredir Portugal”, disse o líder do PSD, que lembrou que a receita de aumento do rendimento disponível para estimular o consumo já foi usada pelo PS em 2009, “para fins eleitoralistas”, e acabou por ser “sol de pouca dura”.

“Não pudemos ser imprudentes”, repetiu o primeiro-ministro, que se assume como “coerente” e “previsível”.

“Temos objectivos ambiciosos dentro do realismo que temos”, resumiu, explicando que se vai continuar a bater pela mudança do Estado e que vai pedir uma maioria absoluta aos portugueses.

“Acha que temos por garantido que o PS vai ganhar as eleições?”, perguntou, divertido, à jornalista Clara de Sousa, lembrando que as sondagens são hoje mais favoráveis à coligação PSD/CDS do que eram há um ano.

A Grécia – que ocupou grande parte da entrevista – acabou por ser um dos principais argumentos para convencer os eleitores de que o caminho da maioria é o mais correcto, com o primeiro-ministro a não perder a oportunidade de ilustra com a situação que se vive em Atenas os resultados de uma política alternativa à que seguiu.

Passos quis ainda aproveitar para responder à polémica que marcou a semana, com as redes sociais a não pouparem o primeiro-ministro por ter afirmado ter sido uma ideia sua que desbloqueou o acordo com a Grécia. “Foi uma resposta a uma pergunta de uma colega sua”, justificou a Clara de Sousa. “Não destaquei isso na minha comunicação”, sublinhou.