CGTP acusa Passos Coelho de esconder aumento do desemprego

A CGTP acusou hoje o primeiro-ministro de manipular a informação para esconder o aumento do desemprego e da precariedade durante a sua legislatura e os efeitos da austeridade que aplicou ao longo dos últimos quatro anos.

CGTP acusa Passos Coelho de esconder aumento do desemprego

"O Primeiro-ministro, na entrevista que deu à SIC, recorrendo à manipulação da informação, pretendeu ocultar que a terapia de choque que impôs ao País teve como efeito uma queda do emprego e um aumento do desemprego sem precedentes", diz a central sindical num comunicado emitido a propósito da entrevista que Passos Coelho deu à SIC na terça-feira à noite.

Segundo a Intersindical, as estatísticas oficiais demonstram que a ação do Governo PSD/CDS "se saldou pela destruição de centenas de milhar de postos de trabalho, pelo aumento do desemprego, pela emigração massiva, pela degradação da qualidade do emprego, pela diminuição das remunerações e da protecção no desemprego, em suma, pela degradação das condições de vida e de trabalho dos portugueses".

"De acordo com os dados do INE, entre o 1º trimestre de 2011 e o 1º trimestre de 2015 foram destruídos 298 mil postos de trabalho em termos líquidos, temos mais 38 mil desempregados "oficiais" e uma subida da taxa de desemprego e do desemprego de longa duração, que atinge agora dois em cada três desempregados", lembra. 

A CGTP refere ainda que "meio milhão de portugueses foi empurrado para a emigração" como consequência da "política de empobrecimento infligida ao povo e ao país".

A central sindical refere que, apesar do desemprego elevado, a proteção no desemprego continua a diminuir. 

"Nos primeiros três meses de 2015 apenas 31% do número real dos desempregados tinha uma prestação de desemprego, quando no início de 2011 eram 35%. E o valor médio desceu para os 452 euros face aos 499 euros pagos, em média, no 1º trimestre de 2011", diz no comunicado.

Segundo a Inter, parte do emprego que o Governo afirma ter sido criado desde 2013 "resulta da utilização massiva das chamadas medidas activas de emprego, como os estágios e os contratos emprego inserção, que o INE contabiliza como emprego mas que não têm associado um contrato de trabalho, sendo na realidade usadas para subsidiar as empresas e colmatar a falta de trabalhadores na Administração Pública".

 "O número de pessoas nestas duas medidas duplicou desde o início de 2013, abrangendo actualmente mais de 70 mil desempregados, que estão a ocupar postos de trabalho permanentes e como tal deveriam ter vínculos efectivos de trabalho", afirma.

A CGTP considera ainda que "há uma acentuada degradação da qualidade do emprego", porque "a precariedade do emprego se mantém elevada, com um em cada cinco trabalhadores sem vínculo permanente, mas que no caso dos trabalhadores mais jovens atinge cerca de 60%". 

"As novas contratações são na sua maioria precárias e os salários a pagar situam-se pouco acima do salário mínimo nacional, segundo dados do IEFP. E mesmo os trabalhadores contratados com vínculos sem termo, para além dos baixos salários que lhes são impostos, estão cada vez mais sob a ameaça de perda de emprego, devido às alterações da legislação laboral efectuadas por este governo que facilitaram os despedimentos e diminuíram as indemnizações", diz a central sindical.

Para a CGTP, "um Governo que faz da exploração, desigualdades e empobrecimento os objetivos centrais da sua política e da subversão da democracia e fragilização da soberania, as credenciais de submissão perante a troika, não merece continuar a governar".

Lusa/SOL