Direito de resposta de Miguel Sousa Tavares

“Na edição de hoje, 17 de Julho de 2015, o jornal Sol volta à carga com o meu suposto investimento na ESSI, já por mim formalmente desmentido. E, desta vez, fá-lo com honras de manchete de primeira página, rezando “Sousa Tavares tentou esconder investimento no GES”. Eu serei pois, suspeito de tentativa de encobrimento de…

Depois do envio do meu desmentido a esse jornal, fui contactado pela vossa redactora Silvia  Caneco, a pedido de quem expliquei o que ela quis. A saber:

– que tanto no BES, como em qualquer outro banco de que fui ou sou cliente, dei sempre ordens expressas aos gestores de contas para nunca me compararem produtos do próprio banco ou a ele associados. E que, com o meu consentimento ou conhecimento, jamais tal foi feito; -que, efectivamente, fui por diversas vezes depositante do ES Liquidez – que, como o próprio nome indica é um fundo de liquidez, um depósito à ordem remunerado, existente em qualquer banco. O oposto de um investimento e que se destina exactamente a quem não quer investir.

– que, se a determinada altura, o ES Liquidez conteve, entre as dezenas ou centenas de outros produtos, também produtos do GES, tal era-me impossível de saber, a menos que seguisse dia-a-dia a sua gestão, em lugar de a confiar a outros.

– que, como é óbvio, se eu tivesse querido investir no GES ou no BES, não só não teria dado ordens expressas em contrário, como o teria feito directamente, e não através de um fundo de liquidez cuja composição muda a todo o tempo e integra uma infinidade de outros produtos;

– que a vossa redactora, ao atribuir-me um investimento de "dois milhões" estava a elaborar num erro primário ou de má-fé, que consistia em somar todas as poupanças que fui depositando ao longo de anos no tal fundo, sem somar correspondentemente as saídas, chegando então a um "investimento" único de dois milhões – cuja conta nem sequer sei se está certa. Ou seja: transformaram liquidez em investimento e somando todas chegaram a um montante único que se refere a centenas de produtos diversos mas que foram todos reduzidos ao "chapéu" do GES, para assim tentar sacar um "escândalo" a partir do nada.

Não desconheço nem as intenções nem as pessoas a quem tal convém – para efeitos que, aliás, não me visam a mim directamente, mas apenas como alvo colateral. Sei, igualmente, como é inútil tecer quaisquer considerações à vossa actuação, fundada na violação do sigilo bancário e com informações falsas. Declaro-me, pois, culpado do crime de investimento e da tentativa de encobrimento do mesmo, ao prestar-vos os esclarecimentos pedidos. E fico à espera que quem de direito me mande para casa com pulseira electrónica.

 

Com os melhores cumprimentos,

 

Miguel Sousa Tavares